Átomos
Como se te despisses em alvoroço
Na ideia de te mostrares por inteiro,
Sem pele, sem carne, sem osso,
Só a fusão da ideia em grosso
De que tudo em ti é meu terreiro,
É meu terreno, meu campo vasto
Sem fim à vista, princípio ou meio,
Nem tempo ganho, nem tempo gasto,
Somente um corpo por onde repasto
Sem ter noção de onde me veio.
Como sombras na parede deslizámos,
Cientes que nem físico táctil
oferecemos
Neste baile de corpos que apagámos
Das mentes, onde apenas encontrámos
Átomos incandescentes, por outros
termos,
Faíscas fulgurantes sem trilho algum,
Num caminho desenhado em espasmos
E sobressaltos de prazer comum.
Como se nos despíssemos para sermos um
Só para sermos dois orgasmos.
Bruno Torrão
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