Fumo nas noites o luar azedo
E o brilho das estrelas opaco e baço.
Encharco os pulmões de odor a medo
E grito no vácuo sentido em que abraço
As brasas num chão incandescente
E, no ar, as cinzas em pó asfixiante.
Já vejo o mundo arder lentamente
Por dentro duma bolha flutuante.
E à mesa exponho o corpo aberto.
Estilhaçada em cacos a minha mente!
Pego no vazio ao meu redor e aperto
Contra o nada que aqui se sente
E na minha cama aqui se sentam
As armas que ergo das batalhas falidas.
Só mesmo elas agora se contentam
Por me ver sangrar nas minhas feridas.
Assim me adormeço sob lençóis de pregos
Que cumprem em regra a lei da gravidade.
Dos sentidos me restam os olhos cegos
Cujas lágrimas tomaram em insanidade!
Bruno Torrão
09 Dez. 07
sábado, 10 de setembro de 2011
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