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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Poema CCXXI - Prévio Aviso

Não queiram jamais saber do que faço,
Invento ou produzo ou concebo.
Se das minhas forças as prendo ou caço.
Ou se das ideias as roubo ou percebo,
Restam-me a mim mantê-las guardadas.
Sejam, ainda, assim, certas ou erradas,

Não queiram jamais saber do que delas resta!
Se as corto às rodelas com a faca que resta
Das circuncisões que faço no vão da escada,
Se as semeio em terra fértil e lavrada,
Ou até se as guardo presas ao armário
Pesado e escuro que julgo dispô-lo ao contrário.

Não queiram jamais saber se me compreendo
A mim mesmo quando à noite me deito
E transcrevo na almofada – com se fosse remendo
que deslindo ou rasgo e coso ou ajeito –
O que das ideias insanas diárias sobejam.
Só eu sei se quero que as vejam!

Bruno Torrão

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Poema CCXX - Vende-se

Já me vieram dizer que está à venda
A sociedade putrificada em que me assento
E que a papelada é, por encomenda,
Folha e meia e mais uma adenda
Onde rabisco e até comento,

Onde duas linhas como quem aprende,
Prendem as palavras que lá cruzo,
Agrafadas em ponto cruz que suspende
Como cruz de quem carrega e defende
Que deve ser alugada – e eu recuso!

Recuso e afinco a recusa
Já por saber que arrendada
A sociedade cai e se desusa
À espera que se reluza
A renda nunca celebrada.

Bruno Torrão