magnotico on-line entertainment

magnotico on-line entertainment
Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

sábado, 31 de maio de 2008

Poema LVI - A minha fama

Só eu consigo agradar a gregos e a troianos,
Só eu consigo ter ordem e poder.
Porque o destino me fez Deus entre humanos,
E alegre entre a tristeza que não para de crescer.

Porque serei eu o líder da liberdade,
O rei do Aquém, do Além e do Mar.
E me farei espalhar como a chuva da tempestade
E serei o calor que a água irá secar.

E agora, um simples mortal clauso,
Obrigado a dar, sem perceber,
Vivo na agitação da fama, que causo,
Somente, uma vibração no meu ser.

Bruno Torrão
00/06/07

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Poema LV - Triste inspiração

Estou entre mim e a solidão,
Estou no meio do nada,
No centro da resolução
De uma dúvida mal validada.

A dúvida da alegria,
Do eterno prazer com a vida,
Com a morte, com cada dia
Com a mítica musa querida.

Porque o bem não me inspira.
A felicidade não me inspira.
O contentamento não me inspira.
Só a tristeza, a morte. Tão gira!

Fico então, aqui, triste, só,
Alegremente na solidão
Que me mete dó,
Sem alma, sem coração.

Bruno Torrão
00/06/07

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Poema LIV - Não estou em mim (desorgulho)

O nada apoderou-se de mim.
O vazio, a solidão...
Sinto que estou no fim,
Perdido na palma da minha mão!

Até o que me dava alegria:
A família, um amigo,
Perderam o orgulho que neles tinha.
E nem o orgulho está comigo!

Nem a poesia que escrevo
M'alegra nas noites em que não durmo.
Nem a quem a minh'alegria devo
Merece um abraço obscuro,

Porque já nada me faz sorrir
Na face em que sou eu mesmo, o Eu!
No meu ego já nada consegue subir,
Flutuar no orgulho que devia ser meu.

Bruno Torrão
00/05/25

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Poema LIII - Os outros

Todos os outros poemas
São lindos, belos, risonhos!
Verdadeiros! São sonhos!
Só os meus são problemas,
Mortos, tristes.
Finge tu que nunca
Os viste,
E que são uma espelunca.
E diz-me que choraste apenas ao ler,
E que depois te riste,
Dizendo para o alto
"Ainda este poeta se quer fazer!"

Bruno Torrão
00/05/24

terça-feira, 27 de maio de 2008

Poema LII - Fico assim

Esta noite
Ao chegar a casa,
Com a temperatura em brasa,
Deu um toque a solidão
Só por não te ter aqui.
Não sei viver sem ti.

E fico assim,
Perdido, sem ter jeito,
Sem domar a dor no peito
Que cresce a todo o momento.
Então vem quebrar este tormento.
Peço-te, volta p’ra mim.

E fico assim
Chorando pelos cantos.
Fico assim
Rendidos aos teus encantos.
E eu fico assim...
Jamais posso viver sem ti!

Na manhã seguinte
Ao acordar,
Oiço a dor a chamar,
A explodir dentro de mim
Porque tu não estás a meu lado.
Volta! Quero ser amado.

Outra noite passa por aqui.
Fico olhando a lua
Imaginando que estás comigo
E que nunca chegaste a partir,
E então volto a sorrir.
E fico assim
Sorrindo para o espaço.
Fico assim
Vivendo passo a passo.
E eu fico assim,
Já posso bem viver sem ti.

Bruno Torrão
00/05/22


A estória deste poema é muito simples. Sintecticamente foi: Convite para letra duma canção de uma cantora pimba com muito sucesso no ano 2000. Letra enviada. Ainda hoje aguardo resposta tanto da dita cantora, como da própria editora. Ela já não canta. Mas eu já sei a resposta!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Poema LI - Solidão, minha vizinha

Tenho a Solidão como vizinha,
Que vem de vez em quando
Tocar-me à campainha.
"Não fiques tão só."
- Vem-me ela avisando -
"Tal solidão mete-me dó!"

Abro-lhe a porta, chorando,
E lhe peço que se vá.
"Tão triste que eu ando
Ai o amor! A quanto ele obriga!
Coisa mais triste não há,
Solidão, minha amiga!"

Ela entra sem permissão!
E abraça-me e me escuta.
E solta o meu coração
E diz, durante um abraço,
"Ah! Solidão, filha da puta!"
E choro então no seu regaço!

E nesse dia mil lágrimas soltei,
Lancei dos meus olhos, com suavidade.
E a ela mesma eu avisei,
"Não te culpes pela briga
Que tenho com a Felicidade.
Vai-te agora, Solidão, minha amiga."

Bruno Torrão
00/05/19

domingo, 25 de maio de 2008

Poema L - Deste lado

Para lá da porta que acabei de fechar
Fica um mundo intenso,
Um lugar imenso,
Cheio de amor e de gente que sabe amar.

Deste lado, onde estou,
Fica um mundo solitário,
Que não alimenta o imaginário
De quem alguma vez amou.

É onde nasce o sol, deste lado,
De manhã, ainda frio,
E onde nasce de lágrimas um rio,
Água aquecida dum coração gelado!

Aqui a noite aparece em primeiro.
Filha do silêncio e da solidão,
Onde quem age é a recordação
De um amor que não fica prisioneiro.

E a recordação, maldita
Só me deixa chorar
E sofrer, e gritar
Mas ninguém ouve quem grita

Pois o grito é camuflado
Pelas alegrias do dia-a-dia.
E quando chega a noite fria
Torna-se o destino amargurado.

Bruno Torrão
00/05/17

sábado, 24 de maio de 2008

Poema XLIX - O teu desejo

Noites de luar,
Noites de calor;
Tempos de amar,
Tempos de dor.

Tempos de dor!
Alegrias a pairar
Pelas estrelas de calor
A transbordar.

Só a mim não vem
Tanta alegria, tanto amor!
Pois então quem me tem
Só pode ter é dor.

Dor de não me ter,
De não me possuir!
E quem meu coração preencher
Jamais a arrepender poderá vir.

Eu sou o desejado
Quem toda a gente quer amar.
Sou divino, alado;
Alguém que não pode acabar.

Bruno Torrão
00/05/15

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Poema XLVIII - Serei

Sonho ser o dono da poesia,
Comparado a Pessoa, e Quental;
E então fazer da minha alegria
O verdadeiro orgulho de Portugal.

Ser invejada minha fantasia;
E cobiçada p'ralém de Portugal
A tristeza que a todos arrepia.
Tornar-me um poeta internacional,

E ser reconhecido em qualquer país
Mais do que foi o grandioso Luís,
Rei da epopeia, a Lusitana.

E para muitos servir d'inspiração,
Como foi Florbela para o meu coração
Na minha poesia Soberana.

Bruno Torrão
00/05/13

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Poema XLVII - P'los cantos

Minha alma está carente,
Meu coração, doente...
Minha cara é um rio
E meu amor não está quente...
É frio.

E pela tristeza eu canto,
E no rolar do meu pranto...
Ai... Quanto eu adoro
Ficar no meu canto
Enquanto choro.

Sinto alegria fora de mim
Que me contenta para não me ver assim,
Triste como ando...
Pelos cantos, enfim,
Chorando.

Bruno Torrão
00/05/08

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Estrelas Sugestivas III

Tal como fiz na 1ª edição do Signo, vou continuar a propôr alguns sons que me fazem sentir muito a poesia (alguns até me chegam a dar ideias).

O que vos trago hoje é a minha mais recente aquisição. Embora o álbum tenha saído já o ano passado, só agora me lembrei de o comprar. Falo-vos de uma das mais promissoras seguidoras do fado nos dias de hoje. Uma voz quente e uma imagem quasi-exótica. Falo-vos de Ana Moura!

Do que já conheço vindo dos álbuns anteriores, este ultrapassa-os em largos pontos. Não consigo quase, sequer, escolher uma "super-faixa"! Ainda assim, os singles Os Búzios e O Fado da Procura, conseguem trazer alguma diferença das faixas restantes. Mas nada melhor que o ouvir cada uma das 15 faixas para poder tirar o bom sabor que fica para além da saudade!

Poema XLVI - À caneta

Ter esta caneta na mão
Dá-me tanta, mas tanta calma
Que se ficar sem ela
Perco o coração
E a alma.

Só de possuí-la entre meus dedos
Cresce-me um aperto na barriga
E vontade de gritar
Pois solta-me dos meus medos.
É mais do que uma amiga.

Só de pensar que vou ter de a deixar
E largá-la para uma gaveta,
Desfaço-me em lágrimas
De maneira a nem querer acabar,
Mesmo morrendo a tinta da caneta.

Já agora que vou dormir
Com a mente já mais clara
E livre de tristezas,
Um sonho a poderá substituir
Numa obra rara.

Bruno Torrão
00/03/20

terça-feira, 20 de maio de 2008

Poema XLV - Não

Não quero mais ser outro.
Ferir-me a mim,
Agradar aos outros.
Chega, basta...fim!

Não quero mais esta
Feita d'alegria lerda,
Rotina de tristeza,
Acabou-se, merda!

Não quero mais rir-me
Que nem um perdido,
Mostrar-me contente
Quando estou todo fodido!

Não quero mais dizer que sim
Quando me perguntam " 'Tá tudo bem?".
Quero que todos saibam
Que fico triste também.

Não quero mais fazer-me de forte,
Imune a qualquer tristeza,
Porque a perfeição não está de fora
Mas sim dentro como a beleza.

Bruno Torrão
00/02/15

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Poema XLIV - Sobre o amor

Quero falar de amor.
Mas não sei como fazer
Pois não tenho o calor
Para nele pensar,
Quanto mais sobre ele escrever.

Quero falar de amor
Pois poder-me-ia alegrar.
Mas só sinto dor...
E basta nele pensar
Para que por dentro comece a chorar.

E ao falar de amor,
Triste por não o ter,
Sinto o ardor
Contente por não saber
O fim do amor que queria ter.

Então, para quê pensar no amor
Se mais do que alegria
Me dá também dor.
Prefiro estar como estou, a viver
E nunca mais senti-lo queria!

Bruno Torrão
00/02/15

domingo, 18 de maio de 2008

Poema XLIII - Ó toque da minha escola

Do poema Ó sino da minha aldeia
de Fernando Pessoa



Ó toque da minha escola,
Doente em meus ouvidos,
De barulho singular
Põe-me os tímpanos durídos.

É tão roto o teu tocar,
Tão choro de velha garrida,
Que logo o primeiro toque
Acorda a mente adormecida.

Por tão longe que toques,
Com teu som, sempre irritante,
És para mim um desatino,
Quem me dera ver-te distante.

Mesmo que ande pela rua,
Longe do teu roncar,
Na mesma te oiço,
Sempre a chatear.

Bruno Torrão
00/02/07



Com este poema recordo-me sempre do toque da Escola Secundária Infante D. Pedro, aquele martirizador toque, quase como se ainda hoje o ouvisse! A graça deste poema está no facto de ter sido escrito em plena aula de Língua Portuguesa, quando, no 12º ano, se estudava a Obra de Fernando Pessoa (ortónimo), exactamente quando nos encontrávamos a estudar a forma e o conteúdo do mesmo.
Estranhamente, tal como no poema de Pessoa, o sujeito poético recorda com saudade o tocar dos sinos... E eu até sinto saudade do toque da escola!

sábado, 17 de maio de 2008

Poema XLII - O porquê da dor

Gostava tanto de chorar
Por coisas sem razão,
Ou por não a ter.
Adorava poder soltar
O que me vai no coração,
Mas gritar e não escrever.

Então grito em surdina
Sem as lágrimas deixar sair
Dos olhos molhados de tristeza,
Ou d'alegria, desta sina
Que só sabe escrever e rir
Que não fala quando tem a certeza.

Oiço toda a gente a falar,
Desabafar, a sorrir para mim
Na esperança de me ouvir.
Mas a boca só me faz calar
E ouvir do princípio ao fim
Sem me deixar intervir.

Mas não consigo expulsar
O que me caminha em meu peito.
E então volto a escrever...
E mais um dia sem chorar.
E mais uma noite em que me deito
Com a dor causado pelo não saber.

Bruno Torrão
00/01/12

Especial: Na hora do chá VI

Se há quem faça as festas da reentré com bebidas espirituosas, eu cá trago o meu chá. Quer isto dizer que assistimos à festa de re-inauguração do SSL (Sob o Signo das Letras).

O meu regresso deve-se, em parte, ao facto de estar de férias e, como tal, tenho de arranjar algo para matar as tardes parvas e inúteis que daí advêm. Por outro lado, o facto de um dos meus melhores amigos me ter recordado este espaço.

Ainda hoje publicarei um novo post. Um post com a essência do blog. Um poema da minha autoria, seguindo a mesma linha cronológica com que, até ao último se surgiam.

Degluto mais um trago de chá e me despeço com um breve até já!