de Fernando Pessoa
Ó toque da minha escola,
Doente em meus ouvidos,
De barulho singular
Põe-me os tímpanos durídos.
É tão roto o teu tocar,
Tão choro de velha garrida,
Que logo o primeiro toque
Acorda a mente adormecida.
Por tão longe que toques,
Com teu som, sempre irritante,
És para mim um desatino,
Quem me dera ver-te distante.
Mesmo que ande pela rua,
Longe do teu roncar,
Na mesma te oiço,
Sempre a chatear.
Bruno Torrão
00/02/07
Com este poema recordo-me sempre do toque da Escola Secundária Infante D. Pedro, aquele martirizador toque, quase como se ainda hoje o ouvisse! A graça deste poema está no facto de ter sido escrito em plena aula de Língua Portuguesa, quando, no 12º ano, se estudava a Obra de Fernando Pessoa (ortónimo), exactamente quando nos encontrávamos a estudar a forma e o conteúdo do mesmo.
Estranhamente, tal como no poema de Pessoa, o sujeito poético recorda com saudade o tocar dos sinos... E eu até sinto saudade do toque da escola!
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