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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

domingo, 25 de outubro de 2020

Poesia Incompleta: já faltou mais

Poesia Incompleta: já faltou mais: Domingo, 25, pelas 18.37h, cá estará André Tecedeiro para lançar "A axila de Egon Schiele", uma reunião de poemas editada pela Por...

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Animal

Na mistura das estradas que vejo
Sigo a que não possui sinalética.
Erróneo, o meu ser ali despejo
Por entre olhares aguçados de ética

Que lançam vocábulos em farpas
E espinhaços veneno de gesticulação.
A culpa de me acudir às escarpas
Como base da minha orientação

Prende-se ao só motivo libertador,
Que me permite, no fundo sumário,
De que um coração só se afoga de amor
Se às ordens de outros for contrário,

Já que a alma e o corpo defendem,
Numa junção de sagrada batalha,
Àqueles que as que tais desleis seguem,
Pisando descalços o fio da navalha.

Por aí caminho, como os animais,
Sem sequer seguir asfaltos e passeios,
Desfiando pegadas por canaviais
Deixando a minha liberdade sem freios.

Bruno Torrão

terça-feira, 29 de maio de 2018

Entre o sonho e a vida

Tal como um barco as ondas rasga
Eu próprio desfio de mim cada sonho
E bebo do seu sumo que me engasga
Deflagrando na garganta o que oponho

Seja realidade que vivo a cada dia
Seja a fantasia que busco de cada janela
Que abro com a mesma valentia
Que uma mãe pela sua cria zela

A minha viagem entre sonho e vida
É escrita à mesma velocidade
Com que um poeta esventra a guarida
Onde se esconde cada verdade

A mesma força com que irrompe a luz
Nas madrugadas mal dormidas de Agosto.
O sonho floresce do que sempre supus
Ser da vida o próprio mosto.

Bruno Torrão

quinta-feira, 15 de março de 2018

Dia Mundial da Poesia

Agora que sou um afiliado da Wook.pt e que O Grande Livro do Corpo já se encontra disponível para compra neste super site dedicado a quem ama livros, venho dar-vos a oportunidade de conhecer uma panóplia de livros de poesia que a Wook.pt disponibiliza com descontos até 50%, para que possamos todos celebrar o Dia Mundial da Poesia em grande!

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sábado, 3 de março de 2018

Batalha

Se as batalhas que cesso em profundo silêncio letal
Nem mais tarde as confesso por maior confiança
Ainda que a quem confio nem por crença brutal
Das palavras que desfio mantenho na esperança
De que as guardando junto àquele nada crescente no peito
Ficará arrumado o assunto de quem já não é criança
Que por pensar em demasia não pensa sequer direito
E quando age se desfia num chão que por si balança
São as guerras ainda presas a um corpo que de si corre
Numa fuga saem ilesas noutro encontro já são cobrança
Não se entende a lei do jogo de quem vive quem morre
E assim mesmo abrimos fogo a quem nos presta confiança
E se funda a guerra abrupta de tiros cravados na pele
Cada tiro a cada um enluta e nos mantém na perseverança
De que não há maior sofrimento que sentir em nós o cordel
Pulsar na garganta o batimento por se agendar tudo à vingança.

Bruno Torrão

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Aniversário e novidades

O blog completou, no passado dia 07 de Fevereiro, 11 anos.
Há algum tempo que pensei como poderia celebrar, até que me lembrei; "Por que não ler os poemas e colocá-los à disposição para que se possam ouvir?".

Assim, peguei no poema mais lido, aqui, o Setembro, juntei uma música de fundo e criei um vídeo para que se pudesse ouvir via youtube!

A partir de hoje, poderá ser o próprio leitor a decidir que poemas se seguirão. Basta que procurem o poema que preferem e, de forma a ganhar mais visualizações, difundir pelos seus contactos nas diversas redes sociais e/ou email. O poema mais lido em Fevereiro, ganhará voz em Março!

Até lá, poderão ir ouvindo o Setembro.


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre a imperfeição do universo

Não são doze as horas que o sol espreita.
Ou raro é dia em que é tão certeiro
Igual tempo entre o acordar e a deita,
Seja dia claro ou denso nevoeiro.

Nem da lua, as fases contam dias certos
E em decimal se divide a própria hora.
Não há meses com iguais dias, correctos,
Nem no universo perfeição ao que agora

Nos meus olhos perfeita imagem se assume.
A tua irregular figura de quem, imperfeito,
Ao mundo veio exalar orgásmico perfume
Inebriante e de inigualável preceito.

Construído em preciosas pedras de afectos,
Tão maleáveis ao tacto como quem aflora
Os escondidos sentidos em exóticos dialectos
Que só a minha percepção o entende e decora.

Não me digam que é perfeito o universo,
Quando nele tudo se extingue e se cria.
Eu criei na mente a imagem em verso
De nada que na vida, realmente, existiria.

Bruno Torrão

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Encontro marcado

Hás tantas acabei por esquecer,
Depois de tantas ausências repetidas,
Que parte do meu corpo te dá mais prazer,
Onde as minhas mãos te são mais queridas,

Em que lóbulo, esquerdo ou direito,
Suaves passeios preferes que a língua percorra.
Ao que me lembro, definias ser o perfeito
Caminho para a tua masmorra.

Esse estranho nome que davas
À tua discreta cave sem trancas na porta
E onde tantas vezes me levavas
Para fazer da vida uma santidade torta.

Esqueci-me não por te esquecer, acreditas?
Sabemos ambos que nos entretantos,
Por entre datas perdidas e vontades convictas,
Outros corpos foram menos santos

Por entre estas e as tuas mãos.
Nunca seremos de cada um, já sabemos,
E o que perdemos podem nem ser senãos,
Já que cada vez que novamente nos vemos

As preces voltam a ser rezadas com precisão
E sabemos onde nos conhecemos melhor.
Juntamos sempre os corpos com a exactidão
Com que foram feitos no nosso encontro maior.

Bruno Torrão

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Premissa para quem se queixa dos amores

Já pensou vez alguma, alguém,
Quantos amores ficou por dever?
As palavras jamais ditas por quem
Amor sentido julgou crescer

Num peito que se coseu, iludido,
Que de outra parte houvesse, também,
Quem de amores andasse perdido
Sem coragem de o atirar para além

Para o lado que do corpo fica de fora?
Quantos “amo-te” não proferidos
Por não haver sentido na hora
A força catapultar-lhe os sentidos?

E das oportunidades perdidas,
Por amor descabido?
E as ideias pobremente construídas
De que o amor era proibido?

E se fosse o amor que sentimos
Como qualquer outro sentimento
Explicável, como quando rimos
Pela felicidade do momento?

Haveria menos ódios e enganos?
Na premissa da perdição deixo
A quem tiver coragem por estes anos
Estas questões a que me queixo.

Bruno Torrão

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

De que são feitos os sonhos

Os dias são sonhos lançados
Na vida, oportunidades perdidas.
Os escassos momentos de lucidez,
Se os houve, por vezes mascarados,
Foram nada mais que outras vidas
Que fiz sem fazer o que se fez.

São de secas os feitos, nados-mortos,
Frascos encharcados de quase nada.
As outras vidas, imersas e vagas,
Deambulam em invernos tortos
Contra relógios de corda parada,
Inversos, são acendalhas nas fragas.

Somos água corrente putrificada
Com sangue da vida de outrem.
Albufeiras de larvas e de lama.
Nascem cardos nos trilhos da vida,
Assim que choram, quando nascem,
Aqueles que um dia serão chama

E farão arder nas páginas rubras,
Tingidas pela paixão que fazem brotar
Nas horas inertes da madrugada.
Assim te sentas frente a nada e deslumbras
Como quem olha um quadro acabado de pintar
Disposto numa galeria condecorada.

Os sonhos são as horas perdidas, por certo,
Nas camas em que não dormes, sequer.
Descortinados desenhos mentais monocromáticos –
Embora acredite que coloro os meus de afecto
De tão surreais como um qualquer
Desenho de caleidoscópio automático,

Impossíveis de decifrar por oniroscopia,
Ou daqueles afeitos à experiência secular.
Os meus sonhos são murchas flores
Sedentas de uma rara realidade que existia
Apenas para saber como se libertar
Das regras que regem as próprias dores.

Bruno Torrão