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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

domingo, 22 de maio de 2011

Poema CCII - Não era Verão

Era sonho que fiz acordar na madrugada
Perdida, ainda, às voltas no meu consciente.
Os dentes rasgavam as veias da almofada
Já alcoolizada do meu suor intermitente...

Não era Verão e eu já me sentia queimado,
Não na pele mas na alma quase morta.
A roupa da cama balançava-me asfixiado
Pelos escassos passos que me levam à porta

Onde a fuga seria mais fácil que o cenário
Negro e putrefacto que vingava no quarto.
As ideias derretiam-se ao invés e contrário
Daquilo que alguma vez foram de facto!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Poema CCI - Sou eu que venho do mundo

Sou eu que venho do mundo
Onde a vida salta à corda
E os sonhos se mordem à fome
Em lençóis nos quais confundo
– E o sentir faz com que morda –
A euforia que agora some.

Sou eu que venho do mundo
Onde os rios correm para trás
Das serras feitas de algodão:
Quadros que pinto num segundo
Com pincéis feitos de gás
Sulfato e abstracta perfeição.

Sou eu que venho do mundo
Onde as cidades se destroem
Por entre florestas de segredo
Cheias de fadas que fecundo
Com as palavras que corroem
A coragem e o próprio medo.

Sou eu que venho do mundo
Já acabado em artística obra;
Procriação em peça de museu.
Um aquário onde me afundo,
Envolto em veneno de cobra,
Amniótico líquido onde nasceu

O mundo de onde eu venho,
Crescido na vida do meu inverso.
Onde nem mesmo a consciência
Se cruza nas rectas que desenho
Ao longo de cada estrofe ou verso
Que emano da minha existência!

Bruno Torrão
01 Jun. 07