magnotico on-line entertainment

magnotico on-line entertainment
Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Poema XCIII - Sem ti (meus dias)

Em Coimbra

Meus dias sem ti são tão obscuros
Tão compridos, tão cinzentos
São meus dias sem ti
Meus dias sem ti são tão absurdos
Tão ácidos, tão duros
São meus dias sem ti
Meus dias sem ti não têm noites
Se alguma aparece
É inútil dormir
Meus dias sem ti são um desterro
As horas não têm princípio nem fim
Meus dias sem ti são como um céu
Sem luares prateados
Nem rastos de Sol
Meus dias sem ti são como um eco
Que sempre repetem
A mesma canção...

Bruno Torrão
02 Out. '03



Coimbra. Em Coimbra já me fartei (pelo melhor sentido) de escrever. Rara é a vez que não regresse a Alverca sem mais um poema, um conto, uma escriturisse qualquer...
Coimbra tem, de facto, aquele encanto. Seria a única cidade (das que conheço, obviamente) que trocaria pela minha apaixonada Alverca. E quem me conhece sabe que não troco Alverca por nada... A não ser Coimbra.
Como tal, em Outubro de 2003 fugi para lá, como já havia feito em 99, também pela mesma altura. Fugia porque ainda não sabia se o havia de fazer. Fugia àquilo que qualquer jovem que acredita nas fortalezas do amor fugiria. O desabar de uma paixão constantemente a arder e a consumi-lo, mas que já lhe havia destruído os alicerces da razão!
Desde há alguns anos que Coimbra passou a ser o meu refúgio social. Para além de lá ter a minha irmã, cunhado e sobrinhos a viver (e mais um punhado de "amigos") lá consigo abstrair-me do mundo e concentrar-me em mim. Aprender-me, como sempre digo.
Hoje em dia, continuo a fugir para Coimbra sempre que a alma o pede e todo o resto das condições que me prendem ao Sul me soltem as amarras. As razões essenciais, essas, são sempre tão variadas como o pensamento.

Um bom ano.

Poema XCII - Sinto-te

Em Coimbra

Os dias passam vagarosos...
As noites parecem intermináveis...
Os pensamentos tornam-se repetitivos,
As lembranças insuportáveis.

O cigarro queima-se por si...
A minha visão cola-se algures...
Suspiros seguidos e incontroláveis,
Despertam-me a alma, e a minha memória.

A chuva cai forte no telheiro de zinco,
Acorda a vizinhança no terceiro sono.
O coração palpita bem forte
E desperta a saudade que sinto de ti.

A cabeça batuca repentinamente.
Os olhos enxaguam-se de salgadas lágrimas.
O grito não sai. Só choro em silêncio.
Deito-me no escuro do quarto em que durmo.

Dou voltas na cama.
Mordo o lençol.
Encharco a fronha...
E choro... choro.

Bruno Torrão
02 Out. '03



Um bom ano para quem anda por aí, a ler isto. Eu, vou passar o ano a trabalhar. Pode ser que as coisas mudem finalmente.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Poema XCI - A chuva lava

Em Caxarias

A chuva lava o rosto molhado...
Para trás deixei-te... amargurado
Parto para longe de ti...
E choro. Lamento. Morri!

Não mais ouvirás minha voz.
Apenas na tua memória viverá o nós
Que há um ano era um só.
Morri com dor. E tu sem dó.

Jamais me chamarás!
Jamais me ligarás...
O meu número mudou.
O passado o levou... o futuro apagou.

A sociedade apenas recordará
Alguém que já não está!
Para trás tudo deixei... amargurado.
A chuva lava-me agora... meu rosto molhado.

Bruno Torrão
30 Set. '03

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Poema XC - Não vou chorar

Agora vejo o que perdi
E rejeitei por te amar assim
E confesso que me esqueci
Tudo o que tu nunca foste para mim

Mas está na hora de acordar
E esquecer tudo o que passou
Desta vez não vou chorar
Como já fiz por quem não me amou

E agora sigo mais uma vez
O que o destino quis
E implorou
Pois tudo o que se fez
E não resultou
Não voltará mais

E agora sou livre outra vez
De seguir só por mim
E p’lo que sou
Já que às duas por três
A paz falhou
E não voltará mais

Bruno Torrão
16 Ago. '03



Escrito ao som de "Non voy llorar" da diva Mónica Naranjo

sábado, 27 de dezembro de 2008

Poema LXXXIX - Último dia

Talvez te volte a encontrar
Talvez um dia... Talvez
Num cenário cinzento d’amargurar...
Vou-te olhar como te olhei outra vez

Porque o purgatório é eterno
E nesse dia, meu amor
Nada se parecerá inferno
Apenas em minha alma viverá a dor

Porque nesse dia, verás
Que todo o cenário branco rodeante
Parte de ti... e saberás,
Nesse dia amor... Que chorarei a cada instante

A vida que não vivemos...
E eu em pleno escarlate
Chorarei... e me lançarei em lamentos
P’lo que não fiz só por amar-te.

Bruno Torrão
27 Abr. '03

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Poema LXXXVIII - Novo Rap

E a guerra aqui tão perto!
E o fim aqui tão perto...
Acordo de manhã... desperto
O Durão armou-se em esperto!
Pensa ele que fica famoso
Por aliar-se ao mete nojo
Do Bush amaricado
E do Blair, seu atrelado!

E a Guerra aqui tão perto!
Porque o Bush desmamado
Quer o Iraque desarmado
E Portugal como aliado
Só ficará prejudicado!
[O Povo] Vai ver a gasóleo aumentado
Mais que 4 por litrada!

E o povo fica a leste
Lá prós lados do Iraque
Quem garante que um ataque
Não nos cai em cima?
Ou uma daquelas bombas
Que alteram o próprio clima
Apesar de serem só um teste?

Bruno Torrão
21 Mar. '03



Havia sido assinado na véspera o (quiçá) mais dubitário tratado de sempre. Duraão Barroso, Aznar, Blair e Bush, reuniam-se nas Lajes do Açores para formalizar a conquista bélica do Iraque. A contestação mundial foi emergente! E a minha também, uma das formas de a fazer valer foi exactamente esta!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Poema LXXXVII - Olha o destino

Olha para trás amor...
Vê como o destino te trepassou.
Repara como as cinzas fazem do calor
Parecer gelo que não quer ceder
Ao olhar gélido dum Deus que não sou.

Olha para nós amor...
Analisa cada passo, todos os dias...
Interioriza... memoriza o furor
Com que rapidamente nos amámos...
E hoje... amor, renasce o que querias...

Ou imaginaste...
Olha para o futuro... paixão.
Vês o que criaste?
Não culpes o teu nascer pelo que vives
Porque só ele faz viver meu coração.

Bruno Torrão
17 Mar. '03

sábado, 20 de dezembro de 2008

Poema LXXXVI - E se o sol se pusesse hoje?

E se o sol se pusesse hoje?
E se a noite ficasse para sempre escura
Como um túnel sem fundo, e ao longe
Não houvesse luz, nem lua, nem verdura,
Que fizesse lembrar a vida
Que eu não vivi?

Uma vida de cores feita
Que pintava máscaras de papel
Lançadas à água... E cada uma desfeita...
Dissolvendo nas águas sabor a fel...
Tristeza dissolvida
Numa água que bebi...

E o sol hoje se pôs... definitivamente.
Nunca morrer tão cedo fez bem
A quem quer que fosse... e repentinamente
A vida levou-se mais além
Fechando as fronteiras,
Andando para trás.

Bruno Torrão
16 Mar. '03

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Poema LXXXV - Sem título

@ wireless

A noite cai repentina...
Por fora das janelas ouvem-se gritos.
Mochos... sábias aves de rapina
Saboreiam doces moranguitos

Alcoólicos bailam como uma cortina
Levada na paz do vento.
A noite, o sossego, a neblina
Rompidas pela alegria das divas,

Rasteja, obediente,
Perante a euforia das ditas.
O sol nasce, timidamente,
E manda todas para a camita!

Bruno Torrão
03 Mar. '04

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Poema LXXXIV - Chamo-te

Ouves-me chamar-te?
Diz-me que sim...
Preciso de saber que me ouves nestas noites
Em que somente os lençóis me acariciam...
Em que a lua se esconde
Em nuvens nunca antes por ela conhecidas
Apenas para evitar responder-me...

E sabes?
Tenho medo...
Tenho medo da resposta da lua...
Tenho medo que os lençóis
Não mais me envolvam...
Ou que sejam para sempre eles,
E apenas eles os meus afectos...

Sabes?
Tenho medo que não me oiças...
Tenho muito medo que a minha voz
A ti não chegue...

Mas sabes?
Todas as noites eu chamo por ti...
Todas a tardes eu chamo por ti...
E continuo a chamar
Até saber afinal
Se me ouves chamar-te...
Ouves-me chamar-te?

Bruno Torrão
25 Fev. 03

Poema LXXXIII - Acham-o belo?

Não me interessa se o que escrevo é belo...
Não me seduz muito eufemismo...
Nunca me seduziu!

Seduz-me sim alguém que compreenda,
Que saiba distinguir onde está o meu lado
Que fala ali... naquele monte de tinta...

Até que um monte de tinta nem tem nada de belo...
Teria se eu fosse Picasso...
Se eu fosse um Van Gogh...
Mas sou um poeta...
Só me interessa o conteúdo
Ou quem o saiba desvendar...

Por isso vos peço...
Comentem... ou calem-se para sempre...

Bruno Torrão
25 Fev. 03

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Poema LXXXII - Tuas prendas

Joguei-as fora do telhado
Tuas prendas do ano passado...
Tuas declamações de amor,
Tuas letras de canções de dor...

Dizias que não me tinhas,
Dizias estar distante... a milhas
Juravas amor eterno...

E hoje enterro
Nas roseiras do meu quintal
As prendas que me deste no Natal...

E hoje enterro...
Sem piedade alguma enterro,
As prendas em pó que me deste
Das juras que um dia não fizeste...

Bruno Torrão
24 Fev. 03



Este foi a primeira composição poética onde apliquei a técnica de evolução em prol da criatividade à qual chamei Three Words Poetry, na qual consite em costruir um poema lógico a partir de três vocábulos sem co-ligação frásica.

Ainda me tentei recordar de quais foram as utilizadas neste poema, mas sem sucesso...