Junco
Não temo que deixe por agora
Ou até por tempo infinito,
Indeterminado ou imprevisível,
Que cresça por terras a-fora
O junco verde, viçoso, bonito,
Que me oculte a casa já invisível.
Nem que nele apareça bicharada,
Desde roedores, moluscos, insectos,
De borboletas a caracóis ou ratos.
Que se criem todos! Que façam ninhada
Gatos vadios imunes a afectos,
Com fome e sem outros tratos,
Que a casa que habito e no junco se esconde,
A vida que a enche se maltrata,
Chicoteia, a si própria se viola,
E vagueia desnorteada por cada quarto onde
P’las janelas em que o junco se acata,
Com as próprias unhas se degola!
Bruno Torrão
segunda-feira, 9 de abril de 2012
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