Não queiram jamais saber do que faço,
Invento ou produzo ou concebo.
Se das minhas forças as prendo ou caço.
Ou se das ideias as roubo ou percebo,
Restam-me a mim mantê-las guardadas.
Sejam, ainda, assim, certas ou erradas,
Não queiram jamais saber do que delas resta!
Se as corto às rodelas com a faca que resta
Das circuncisões que faço no vão da escada,
Se as semeio em terra fértil e lavrada,
Ou até se as guardo presas ao armário
Pesado e escuro que julgo dispô-lo ao contrário.
Não queiram jamais saber se me compreendo
A mim mesmo quando à noite me deito
E transcrevo na almofada – com se fosse remendo
que deslindo ou rasgo e coso ou ajeito –
O que das ideias insanas diárias sobejam.
Só eu sei se quero que as vejam!
Bruno Torrão
quinta-feira, 28 de junho de 2012
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Poema CCXX - Vende-se
Já me vieram dizer que está à venda
A sociedade putrificada em que me assento
E que a papelada é, por encomenda,
Folha e meia e mais uma adenda
Onde rabisco e até comento,
Onde duas linhas como quem aprende,
Prendem as palavras que lá cruzo,
Agrafadas em ponto cruz que suspende
Como cruz de quem carrega e defende
Que deve ser alugada – e eu recuso!
Recuso e afinco a recusa
Já por saber que arrendada
A sociedade cai e se desusa
À espera que se reluza
A renda nunca celebrada.
Bruno Torrão
A sociedade putrificada em que me assento
E que a papelada é, por encomenda,
Folha e meia e mais uma adenda
Onde rabisco e até comento,
Onde duas linhas como quem aprende,
Prendem as palavras que lá cruzo,
Agrafadas em ponto cruz que suspende
Como cruz de quem carrega e defende
Que deve ser alugada – e eu recuso!
Recuso e afinco a recusa
Já por saber que arrendada
A sociedade cai e se desusa
À espera que se reluza
A renda nunca celebrada.
Bruno Torrão
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