Se é desta que trago o mundo
Em peso nos braços fracos
Que desde sempre sustento,
Tragam-me num só segundo
De todos os pratos os cacos
Unidos em sangue e unguento
Deste mundo que suporto
Nestes fracos e débeis braços.
Tragam vermelhos machados
E rosas púrpuras - que sou morto -
E preencham com eles os espaços
Dos poros no meu corpo dilatados!
Aí acomodem cada pétala desfiada
E c’os espinhos façam uma coroa!
Aleitem-me num lençol de flanela
- para ajudar na digestão da bicharada -
E não! Não me sepultem em Lisboa!
Sou demasiadamente único para caber nela!
Larguem os restos de mim ao ar...
Lancem-me em cinzas no oceano profundo
Para alimentar os peixes que habitam nele,
Ou que me deixem apenas no fundo do mar
Porque é desta que eu quebro o mundo
E passo a viver no centro dele!
Bruno Torrão
05 Abr. 09
domingo, 11 de dezembro de 2011
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