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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Dicotómico

Dicotómico, seguramente me defino!
Todo o meu ser, em segurança, o é.
Se na solidão me assombro e deprimo
À mesma renego e lhe finco o pé.

A falta de quem me rodeia é penumbra
Sobre a qual o meu corpo se desgasta
E a minha alma negra se sucumba,
Em esperança que à própria resgata,

Neste ébrio ambiente em que efuso
Me deixo emergir à tona da alma gasta.
Submerjo o corpo fraco em parafuso
Em eminente confusão que julgo nefasta

E só desta feita me adubo às ideias,
Que em permanente guerra me ferem,
Enquanto que do rasgar do corpo, das veias,
Lhes aproveito o sangue-tinta em que escrevem

As guerras que ganho, apenas essas!
Que dos falhados poucas histórias rezam.
Sei no entanto, que se juntarem as peças,
Saber-se-á que todos os homens se auto-desprezam.

Bruno Torrão

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Asas

Poderia eu ter as asas presas
E esperar que da alma o fogo ateasse
Em vontade de libertação, essas certezas,
Combustão que ferozmente queimasse

As amarras de corda que não vê ninguém,
Mas não, não permito que a alma se imole
Sem razões de como sustentar a quem
Por razões de outrém se autocontrole.

Se às aves foram dadas asas de liberdade,
Que artefacto nos foi atribuído, então?
Se sabemos que ao amor temos obrigatoriedade
Resta-nos livre, apenas, a própria razão?

Bruno Torrão