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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

sábado, 30 de outubro de 2010

Poema CLIX - Cravo de Rua

Cheira a cravos, esta rua...
Cheira a cravos, só cravos.
Vermelhos, como queria dar-vos,
Tais cravos cheirosos desta rua,
Assomados, tímidos, à janela
Lançando seu perfume p’la viela.

Bruno Torrão
21 Ago. 05



Tenho uma paixão imensa por este poema por ter sido escrito na íntegra - e por essa razão tão curto - enquanto caminhava, numa manhã de Verão, pela Avenida abaixo em direcção à estação de comboios.
Acaba por ser um pouco a representação da minha libertinagem no que tocava (sim, no passado) à prontidão para escrever - No matter what, no matter where! (Não interessa o quê, não interessa onde!) - e que nos dias que têm corrido tenho sentido tanta e tanta falta...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Poema CLVIII - Se a noite fosse fria

(Adaptação de “Se ao menos houvesse um dia”, João Monge)

Se a noite fosse fria
Perto de ti me aquecia
Entre lençóis de flanela.
E depois de cada abraço,
Entrelaçássemos num laço,
Como num quadro sem tela.

Se a noite fosse fria
E expirássemos euforia
Entre os auges que desejas,
E depois do uníssono
Nos embrenhássemos num sono,
Na calma vida que latejas.

Se enquanto amanhece,
E lá fora o tempo aquece
Num presságio de saudade,
Nos lançamos em rituais,
Os corpos pedindo mais,
Numa eterna afinidade.

Se ao menos a sonhar
Tudo pudesse realizar
Com a força que me agarras,
Este poema será feito
Para, por ti, ser eleito
A cantar em noites de farras!

Bruno Torrão
21 Ago. 05



Este poema foi escrito com o intuito de ser enviado para uma editora discográfica, tendo em conta que é facilmente aplicado à composição musical do tradicional Fado Três Bairros, porém, até hoje, não tem passado da gaveta por falta da iniciativa do próprio autor!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poema CLVII - Barrote

Sinto estranho o corpo. Vazio!
Longe de mim. Desesperado.
Como algo que corre desalmado
Em busca dum lugar sombrio,

Deslocado, sem se encontrar.
Sinto vazia a alma. Estranha!
Longe do corpo que a emaranha
Em estranhas teias de sufocar.

Aperta-me o peito. Sufoca!
Vida por morte. Troca por troca.
Levo a sina a jogar-me o destino,

E, tão rápido, meu corpo cristalino
De pedras preciosas e sal puro,
Afoga-se no mar como barrote duro!

Bruno Torrão
09 Ago. 05

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Poema CLVI - Suavemente

Era dia! Suavemente acabado de nascer
Como o amor transpirado que nós,
Até ao nascer do dia, quisemos fazer.
Era dia! Suavemente esculpido pelo Sol,
Guarnecido de nuvens suaves e sós,
Que se embrenham entre elas, como nós no lençol.

Era luz! Uma luz que tão forte
Nos cega a vista vidrada de amor.
Era a luz! Que entre nós foi nascendo
E até hoje crescendo aumentando o calor.
Essa luz! Que nos guia p’ra norte
Aumentando a paixão que foi crescendo.

Bruno Torrão
12 Jul. 05

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Poema CLV - Loucura

@ H.J.M.

Louco! Louco! Louco!
De loucura quero mais!
Porque de loucura temos um pouco,
E a mim mais não é demais!

Quero ser louco! Insano!
Doentio senhor da lucidez!
Doente, louco, santo profano,
Que se enlouquece de uma só vez!

Perco-me em dispersões...
Sozinho me converso. E converso!
Já que os loucos são sabichões
Que sabem mais que o controverso,

Que na loucura dos outros procura
A invalidez dessas ideias!
Quero ser louco, senhor da loucura,
Por completo! Não louco por medidas meias!

Bruno Torrão
05 Jun. 05