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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Poema CCXXVI - Varanda


Espreita duma varanda, assomada,
Como quem espera o carteiro chegar
A horas tardias para jantar, coitada,
A minha esperança farta de esperar.

Aguarda encostada, vergada sobre a varanda
De olhos postos na estrada e na calçada,
Sem pestanejar a vista, que já anda,
Obviamente, de chorar cansada!

Assomada, vergada, cansada, volta p’ra casa,
Entristecida e já sem qualquer esperança.
Desesperada se deita no chão da casa
Que habita sozinha desde criança.

E assim se permanece no chão, estendida,
Presa ao soalho como uma pesada prensa.
O desespero deixou-a para sempre rendida
À solidão em que a esperança se condensa.

Bruno Torrão

2 comentários:

Davi Machado disse...

muito bom seu poema. bem musical!

Maria Carolina S, disse...

Gostei muito!!
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