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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Boas vindas ao Outono

Começa hoje, a 21 de Setembro, a estação do ano que me é mais querida. Exactamente! Tenho um predilecção pelo Outono que não tenho com as restantes.

A minha maneira de ser, talvez, seja a causa para isso. Nunca se sabe se o dia vai ser ainda quente ao estilo do Estio veraneio ou já camuflado o céu de nuvens, lembrando o Inverno.

Para tal seleccionei um dos meus poemas preferidos dum dos meus pilares de influência poética, o grande Ary dos Santos.

O poema que se segue, foi escrito já perto da sua morte, em 1983, tendo o poeta falecido em Janeiro do ano seguinte. O fadista Carlos do Carmo decidiu imortaliza-lo num fado, com o mesmo título. Segue-se, então, a Sonata de Outono.

Inverno não ainda mas Outono

a sonata que bate no meu peito

Poeta distraído cão sem dono

até na própria cama em que me deito.

Acordar é a forma de ter sono

O presente o pretérito imperfeito

Mesmo eu de mim me abandono 

se o vigor que me devo não respeito.

Morro de pé, mas morro devagar.

A vida é afinal o meu lugar 

e só acaba quando eu quiser.

Não me deixo ficar. Não pode ser.

Peço meças ao Sol, ao Céu, ao Mar

Pois viver é também acontecer.


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Nem aos que partem, mas aos que ficam



Nem aos que partem, mas aos que ficam

Num aceno o sorriso nos lábios
A melancolia no olhar
A dicotomia que os próprios sábios
Desconhecem em identificar

A pertença a algo que parte
E a perda que fica no seu lugar
Permitindo que tudo, ao quebrar-te
O sonho, se desvaneça no acenar...

Num aceno com os lábios sorrindo
E os olhos chorando
A tua pertença se vai indo
A tua alma partindo e tu ficando

E o que fica naquilo que partiu
É já parte de ti que te quebraste
Desfeito no aceno que se viu
Quando, ao vento, ao tudo acenaste

Naquele aceno com lábios sorrindo
E os olhos já chorando,
E onde não escolheste, nem distinguindo,
O que mantinhas ou largavas, acenando.

Bruno Torrão

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

ATENÇÃO!

O seguinte texto não é recomendado à leitura a menores de 18 anos. Pode conter vocabulário susceptível de ferir a sensibilidade de alguns visitantes e leitores.
O blog e o autor abstêm-se de quaisquer incursões a denúncia por inexistência de qualquer advertência.







Precisamente 

Que se criem em nosso torno, paixão,
Áureas de energia de luxúria e tesão,
Em circunferências concêntricas à nossa volta,
Onde seremos depois, ambos, então,
Como resultado da quebra do colchão
Enviados para Guantánamo sob escolta.

Transpiremos, fulgurosos amantes,
Encharquemos o chão de suores quentes
Por nós soltos quase envergonhados.
Crêem-se entre eles descrentes
Que se crie entre dois corpos quentes
Tanto despudor entre dois apaixonados.

Usemos a cama, abusemos do chão,
Não recorremos a mais sítios, senão
A vizinhança morre de choque,
Taquicardíacos, de hipertensão!
Essa barba enlouquece-me, cabrão,
Fode-me até os lábios a cada toque,

Mas que se foda! Até isso eu desejo!
E enquanto de ti não vejo
O que por trás da braguilha proteges
Não descanso, não paro nem bocejo…
Apenas passo o tempo e a tua pele a cada beijo,
Caminhando com ânsia enquanto me reges

Cada toque, cada movimento que te extasia!
Sei bem como a tua pele se arrepia
E quando cada gemido tentas não soltar.
“Ah, meu cabrão!” – até isso te saía
Por entre os lábios que suavemente te mordia
Na tentação de te sentir ejacular.

Sem vergonha alguma nos mantemos
Por entre lençóis, dos quais nos esquecemos
Até para o que é que servem, realmente!
Já bastou a serventia aos nossos corpos que comemos!
Comemos? Nunca gostámos da expressão… Fodemos,
Pois foi isso mesmo que fizemos, precisamente!

Bruno Torrão

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Entrevista aos Viajantes

O facto do livro Viajantes ser uma belíssima obra artística, como muitos já o puderam confirmar, onde a junção de fantásticos textos poéticos, da minha autoria e do Daniel Costa-Lourenço, com as soberbas fotografias, pela mão da Marta Cruz, fazem jus à beleza da cidade de Lisboa, que serve de pano de fundo para uma viagem sensorial da capital portuguesa, atraíram a curiosidade da produtora Gema Azul, que se encontra a preparar um canal dedicado à divulgação artística e cultural de tudo o que se faz com qualidade no nosso país! Desta ideia surge o ARTECLIP, canal a ser disposto na MEO Kanal!

Com a curiosidade a fervilhar, e antes que fosse morto o gato, os três autores foram convidados pela produtora do canal a serem entrevistados a propósito do livro e, modéstia à parte, o trabalho ficou genial! Presencia-se um profissionalismo exímio de todos os intervenientes para a execução da peça!
 
Caso persistam dúvidas, o melhor será ver o vídeo, já disponibilizado pela produtora!

Assiste ao vídeo aqui!
Se ficou com o bichinho ainda mais aguçado em adquirir o livro, é fácil! Basta clicar na foto do livro, no menu do lado direito e tê-lo-à em sua casa o quanto antes!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Sobras de nós



Sobras de nós

Sem saber se é raiva ou medo,
Se finco a alma ao teu segredo,
Se me permito ou me prometo,
Por entre as figas dos teus dedos

Finco o corpo ao nosso muro.
Mudo a luz ao que me é escuro
E escapo pelo corpete
Do teu peito que eu seguro.

E lanço à cama, onde perfuro,
O corpo espanto que sustentas
E onde o tempo não assentas

Perdido em murmúrio puro,
Por sermos só sombras que sobrámos
Na pureza avessa dos orgasmos.

Bruno Torrão