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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

sábado, 26 de março de 2016

Prata


Chego aqui de veias soltas e desvendo
Que o tempo já partira sem permissão.
Neste espelho onde eu-reflexo me suspendo
Em tempo e espaço que trago num corpo vão,

Sossego os ânimos que trazia, então,
Por rever que o espelho é o que eu entendo
Do todo que à minha volta é solução,
Quebrada pela questão que, não querendo,

Lanço em forças à ideia de descrente.
E da persistência por resposta nata,
Quebro o espelho de energia corrente

E desfaço os cacos e retiro a prata
Como quem o faz em modo inconsciente.
Do futuro vejo que trago o presente.

sábado, 12 de março de 2016

Prematura


Chamem a ambulância, depressa!
Jaz aqui no chão a definhar
A ideia que não se expressa,
Contorcendo-se em falta de ar!

Largou a bolsa uns metros atrás
E viram-na correr direito ao mar,
Passou ao largo das pedras e zás!
Esbracejou sem saber nadar!

Foram tirá-la, por entre as ondas,
Bravas respostas que sabiam nadar,
Com bóias laranjas e redondas
Esperando que fizesse suscitar

Ideias novas que pudessem
De forma alguma revigorar
E quem sabe, os sais fizessem
Novas ideias dali soltar.

Chamem depressa a ambulância
Que isto está pela hora da morte!
Se antes vingava abundância
Hoje não se prevê tal sorte!

A água oxidou-lhe a ânsia
Que dentro da mente fervilhava
Quando, com a dor da distância,
Uma sopa de letras amanhava

E na própria água, com elegância,
Lhe misturava todos os legumes
Com um certo sabor a dissonância
Que a ideia é faca de dois gumes.

E ali jaz, na praia, com petulância,
A ideia que apenas quis loucura.
Morre na praia, como na infância,
Choram-lhe a vida prematura.