Chamem a ambulância, depressa!
Jaz aqui no chão a definhar
A ideia que não se expressa,
Contorcendo-se em falta de ar!
Largou a bolsa uns metros atrás
E viram-na correr direito ao mar,
Passou ao largo das pedras e zás!
Esbracejou sem saber nadar!
Foram tirá-la, por entre as ondas,
Bravas respostas que sabiam nadar,
Com bóias laranjas e redondas
Esperando que fizesse suscitar
Ideias novas que pudessem
De forma alguma revigorar
E quem sabe, os sais fizessem
Novas ideias dali soltar.
Chamem depressa a ambulância
Que isto está pela hora da morte!
Se antes vingava abundância
Hoje não se prevê tal sorte!
A água oxidou-lhe a ânsia
Que dentro da mente fervilhava
Quando, com a dor da distância,
Uma sopa de letras amanhava
E na própria água, com elegância,
Lhe misturava todos os legumes
Com um certo sabor a dissonância
Que a ideia é faca de dois gumes.
E ali jaz, na praia, com petulância,
A ideia que apenas quis loucura.
Morre na praia, como na infância,
Choram-lhe a vida prematura.
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