Hás tantas acabei por esquecer,
Depois de tantas ausências repetidas,
Que parte do meu corpo te dá mais prazer,
Onde as minhas mãos te são mais queridas,
Em que lóbulo, esquerdo ou direito,
Suaves passeios preferes que a língua percorra.
Ao que me lembro, definias ser o perfeito
Caminho para a tua masmorra.
Esse estranho nome que davas
À tua discreta cave sem trancas na porta
E onde tantas vezes me levavas
Para fazer da vida uma santidade torta.
Esqueci-me não por te esquecer, acreditas?
Sabemos ambos que nos entretantos,
Por entre datas perdidas e vontades convictas,
Outros corpos foram menos santos
Por entre estas e as tuas mãos.
Nunca seremos de cada um, já sabemos,
E o que perdemos podem nem ser senãos,
Já que cada vez que novamente nos vemos
As preces voltam a ser rezadas com precisão
E sabemos onde nos conhecemos melhor.
Juntamos sempre os corpos com a exactidão
Com que foram feitos no nosso encontro maior.
Bruno Torrão
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Premissa para quem se queixa dos amores
Já pensou vez alguma, alguém,
Quantos amores ficou por dever?
As palavras jamais ditas por quem
Amor sentido julgou crescer
Num peito que se coseu, iludido,
Que de outra parte houvesse, também,
Quem de amores andasse perdido
Sem coragem de o atirar para além
Para o lado que do corpo fica de fora?
Quantos “amo-te” não proferidos
Por não haver sentido na hora
A força catapultar-lhe os sentidos?
E das oportunidades perdidas,
Por amor descabido?
E as ideias pobremente construídas
De que o amor era proibido?
E se fosse o amor que sentimos
Como qualquer outro sentimento
Explicável, como quando rimos
Pela felicidade do momento?
Haveria menos ódios e enganos?
Na premissa da perdição deixo
A quem tiver coragem por estes anos
Estas questões a que me queixo.
Bruno Torrão
Quantos amores ficou por dever?
As palavras jamais ditas por quem
Amor sentido julgou crescer
Num peito que se coseu, iludido,
Que de outra parte houvesse, também,
Quem de amores andasse perdido
Sem coragem de o atirar para além
Para o lado que do corpo fica de fora?
Quantos “amo-te” não proferidos
Por não haver sentido na hora
A força catapultar-lhe os sentidos?
E das oportunidades perdidas,
Por amor descabido?
E as ideias pobremente construídas
De que o amor era proibido?
E se fosse o amor que sentimos
Como qualquer outro sentimento
Explicável, como quando rimos
Pela felicidade do momento?
Haveria menos ódios e enganos?
Na premissa da perdição deixo
A quem tiver coragem por estes anos
Estas questões a que me queixo.
Bruno Torrão
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