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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Animal

Na mistura das estradas que vejo
Sigo a que não possui sinalética.
Erróneo, o meu ser ali despejo
Por entre olhares aguçados de ética

Que lançam vocábulos em farpas
E espinhaços veneno de gesticulação.
A culpa de me acudir às escarpas
Como base da minha orientação

Prende-se ao só motivo libertador,
Que me permite, no fundo sumário,
De que um coração só se afoga de amor
Se às ordens de outros for contrário,

Já que a alma e o corpo defendem,
Numa junção de sagrada batalha,
Àqueles que as que tais desleis seguem,
Pisando descalços o fio da navalha.

Por aí caminho, como os animais,
Sem sequer seguir asfaltos e passeios,
Desfiando pegadas por canaviais
Deixando a minha liberdade sem freios.

Bruno Torrão

terça-feira, 29 de maio de 2018

Entre o sonho e a vida

Tal como um barco as ondas rasga
Eu próprio desfio de mim cada sonho
E bebo do seu sumo que me engasga
Deflagrando na garganta o que oponho

Seja realidade que vivo a cada dia
Seja a fantasia que busco de cada janela
Que abro com a mesma valentia
Que uma mãe pela sua cria zela

A minha viagem entre sonho e vida
É escrita à mesma velocidade
Com que um poeta esventra a guarida
Onde se esconde cada verdade

A mesma força com que irrompe a luz
Nas madrugadas mal dormidas de Agosto.
O sonho floresce do que sempre supus
Ser da vida o próprio mosto.

Bruno Torrão

quinta-feira, 15 de março de 2018

Dia Mundial da Poesia

Agora que sou um afiliado da Wook.pt e que O Grande Livro do Corpo já se encontra disponível para compra neste super site dedicado a quem ama livros, venho dar-vos a oportunidade de conhecer uma panóplia de livros de poesia que a Wook.pt disponibiliza com descontos até 50%, para que possamos todos celebrar o Dia Mundial da Poesia em grande!

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sábado, 3 de março de 2018

Batalha

Se as batalhas que cesso em profundo silêncio letal
Nem mais tarde as confesso por maior confiança
Ainda que a quem confio nem por crença brutal
Das palavras que desfio mantenho na esperança
De que as guardando junto àquele nada crescente no peito
Ficará arrumado o assunto de quem já não é criança
Que por pensar em demasia não pensa sequer direito
E quando age se desfia num chão que por si balança
São as guerras ainda presas a um corpo que de si corre
Numa fuga saem ilesas noutro encontro já são cobrança
Não se entende a lei do jogo de quem vive quem morre
E assim mesmo abrimos fogo a quem nos presta confiança
E se funda a guerra abrupta de tiros cravados na pele
Cada tiro a cada um enluta e nos mantém na perseverança
De que não há maior sofrimento que sentir em nós o cordel
Pulsar na garganta o batimento por se agendar tudo à vingança.

Bruno Torrão

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Aniversário e novidades

O blog completou, no passado dia 07 de Fevereiro, 11 anos.
Há algum tempo que pensei como poderia celebrar, até que me lembrei; "Por que não ler os poemas e colocá-los à disposição para que se possam ouvir?".

Assim, peguei no poema mais lido, aqui, o Setembro, juntei uma música de fundo e criei um vídeo para que se pudesse ouvir via youtube!

A partir de hoje, poderá ser o próprio leitor a decidir que poemas se seguirão. Basta que procurem o poema que preferem e, de forma a ganhar mais visualizações, difundir pelos seus contactos nas diversas redes sociais e/ou email. O poema mais lido em Fevereiro, ganhará voz em Março!

Até lá, poderão ir ouvindo o Setembro.


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre a imperfeição do universo

Não são doze as horas que o sol espreita.
Ou raro é dia em que é tão certeiro
Igual tempo entre o acordar e a deita,
Seja dia claro ou denso nevoeiro.

Nem da lua, as fases contam dias certos
E em decimal se divide a própria hora.
Não há meses com iguais dias, correctos,
Nem no universo perfeição ao que agora

Nos meus olhos perfeita imagem se assume.
A tua irregular figura de quem, imperfeito,
Ao mundo veio exalar orgásmico perfume
Inebriante e de inigualável preceito.

Construído em preciosas pedras de afectos,
Tão maleáveis ao tacto como quem aflora
Os escondidos sentidos em exóticos dialectos
Que só a minha percepção o entende e decora.

Não me digam que é perfeito o universo,
Quando nele tudo se extingue e se cria.
Eu criei na mente a imagem em verso
De nada que na vida, realmente, existiria.

Bruno Torrão