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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Poema LXIII - Poeta da Noite

Poeta da Noite

A Carla Baptista


Poeta da noite me chamaram
Por ser a noite minha inspiração,
Por serem as luas que me iluminaram
E me fizeram exaltar o coração.

Poeta da noite, assim sou conhecido,
Pelas noites que gastei a escrever,
Por ser pelas estrelas o escolhido
Para fazer da vida uma boa vida para viver.

Poeta da noite, assim quero ser
E permanecer para toda a vida
Para no futuro poder dizer
Que fui poeta da minha noite querida.

Bruno Torrão
00/11/01

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Poema LXII - Mil obrigados

Se era na poesia que me alegrava,
Se era na poesia que me escondia,
Se era na poesia que eu chorava
As palavras que não dizia,

É na poesia que eu recordo
Os melancólicos tempos que eu vivi!

Se era na poesia que eu gritava,
Se era na poesia que eu sorria,
Se era na poesia que me refugiava
Das pedras atiradas ao meu dia-a-dia,

É na poesia que agora escrevo
Os risonhos dias que vejo nascerem!

Se era na poesia, que não concordo
Que chamassem beleza ao que escrevi,
A alegria de hoje, à tal beleza eu devo
Mil obrigados a cada letra que fiz escrever!

Bruno Torrão
00/10/20

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Poema LXI - Saudade

É em cada noite fria
Que a saudade mais aperta.
É a altura em que a minha alma
Discreta, secreta, desperta
Ao tocar no meu coração
A saudade.

E é a saudade.
Tenho a certeza que é ela!
E que somente o orgulho a esconde,
Que só a poesia a mata,
Numa luta injusta,
Contra a vida ingrata
Que alimenta
A saudade.

E então cresce a saudade.
Tenho a certeza que cresce!
E que a cada hora que passar
Mais ela irá apertar
O meu sentido mais escondido,
Tantas vezes fingido,
Apenas para matar
A saudade.

Bruno Torrão
00/09/23

domingo, 15 de junho de 2008

Poema LX - O teu mar

A Mariline


Vieste como mar
Inundar a minha vida
Para num momento sarar
A mais dolorosa ferida.

As coisas mais belas que disseste
Fizeram-me voar bem alto
Tão alto que o que quiseste
Fiz aparecerem-te num salto.

Mas o teu mar secou.
E nunca mais a minha terra te sentiu.
E hoje, da maneira como estou
A ferida novamente se abriu.

Bruno Torrão
00/09/23

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Poema LIX - Uma canção

Escrevi tantas canções
Com base na tua alegria,
Repletas de emoções
Vividas no dia-a-dia.

Falavam de sonhos
E de sensações gostosas.
Versos em nada medonhos.
Nada de letras saudosas.

Porque vejo em ti
A alegria que quero ter
Porque vejo em ti
O mapa dos meus caminhos
A percorrer
Vejo em ti
O fruto do meu prazer
Que é, enfim,
Simplesmente o teu viver.

Foi no teu sorriso que fui buscar
Tão orgulhosa inspiração
Para a música que faço cantar
Na mais bela e romântica canção.

Bruno Torrão
00/08/12

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Poema LVIII - Alentejo

Ai Alentejo, como te odeio!
Os teus cheiros, sabores,
A tua terra feita de dores
De secas intensas,
De aridez, e imensas!

Ai Alentejo, como te odeio!
Essa tua calma de enfrentares a vida,
Transparece tua tristeza sentida
Pela pobreza que não te esquece.
E que não desaparece!

Apenas o teu anoitecer
Tem a força de esconder com oliveiras
O fogo que de dia queima noites de lareiras.
E só isso me faz arrepender
P’lo ódio que te tenho e que não canso de o dizer.

Bruno Torrão
00/07/04



Ainda há uns dias comentei com certas pessoas a existência deste poema, e do quanto eu admito o meu pouco-gosto (ou quase nenhum) pelo Alentejo. Certo é, no entanto, que este foi escrito antes de eu ter conhecido tanto o Alentejo Litoral (donde tenho grande admiração por Porto Côvo, Vila N. Milfontes, São Torpes, etc.) e do Nordeste Alentejano (Vila Viçosa, Elvas, Borba, etc.).

No entento, continuo a ter esse mesmo (des)gosto pelo Alentejo da zona de Beja/Serpa...

Peço desculpa, ainda, a quem segue o blog, por ter falhado estes dois últimos dias, mas o cansaço laboral tem vencido!...

domingo, 1 de junho de 2008

Poema LVII - A morte do Anjo

Morreu o anjo da salvação.
Os sinos tocam na televisão,
Enquanto que na aparelhagem
Ouve-se a marcha fúnebre.
Ao longo do rio, na margem,
Deitam-se pétalas ao fundo.

Nas praças acendem-se velas.
Rezam-se orações nas capelas.
Todos choram a sua morte
À porta da casa onde vivia.
Todos esperam com sorte
De que venha a renascer um dia.

Nas noites de luar intenso,
Queimam-se paus de incenso
Para avivar a sua alma.
Pede-se saúde para o lar,
Muita alegria, dinheiro e calma.
E fé, para continuar a acreditar

No anjo da salvação dos nossos seres.
Pede-se igualdade para homens e mulheres.
Entreajuda e paz para todos os povos,
Mais respeito para os velhos,
Educação para os mais novos,
E surdez aos maus conselhos.

Protecção à família inteira,
Morte ao racismo de qualquer maneira.
Pelos pecados pede-se perdão,
E orgulho nacional.
Vêem no anjo da salvação
O Futuro de Portugal.

Bruno Torrão
00/06/20



Porque a exumação de uma fé leva sempre ao nascimento de outra, mesmo que cumpra linhas semelhantes.
A adoração a algo que de facto já não existe, pode fazer cumprir-se, ainda, neste poema. Foram estas algumas das ilacções que me surgiram aquando da escrita desta composição.
Até mesmo o retrato de uma mediatização exarcebada sobre as coisas que, porventura, até nem têm muito de o ser...

Escolham a que preferem, ou retirem as vossas próprias conclusões. As sugestões são sempre bem aceites!