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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Poema CLXI - Portões largos

Talvez seja tarde – demasiado! -
Quando a morte abarca cedo,
E vem trazendo em segredo
A crua felicidade a seu lado.

Talvez seja cedo – demasiado cedo! –
Ver esvair-me entre torrões
Sulcados duma terra onde pões
Arduamente teu corpo azedo.

Tarde. Cedo. Cedro. Cipreste...
Vida de vida de cemitério!
Portões largos; ocultem o mistério
Da minha dura vida agreste.

Abertos, altos portões largos,
Confidentes dest’alma enterrada,
Mantenham por eterno afastada
Tal alma que em mim fez estragos.

E que siga por ela seu caminho.
Cedo. Tarde. Eternamente nunca!
Prossiga ele nessa espelunca
Efémero corpo – e sozinho!

Bruno Torrão
29 Set. 05

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