A melancolia no olhar
A dicotomia que os próprios sábios
Desconhecem em identificar
A pertença a algo que parte
E a perda que fica no seu lugar
Permitindo que tudo, ao quebrar-te
O sonho, se desvaneça no acenar...
Num aceno com os lábios sorrindo
E os olhos chorando
A tua pertença se vai indo
A tua alma partindo e tu ficando
E o que fica naquilo que partiu
É já parte de ti que te quebraste
Desfeito no aceno que se viu
Quando, ao vento, ao tudo acenaste
Naquele aceno com lábios sorrindo
E os olhos já chorando,
E onde não escolheste, nem distinguindo,
O que mantinhas ou largavas, acenando.
Bruno Torrão
Estátua ao emigrante português - Santa Apolónia, Lisboa |
Sem comentários:
Enviar um comentário