Passei hoje pelo Tempo, de perto,
Inerte à vida que corre de fora.
“Vai-te para longe! Não te armes em esperto!
Sei bem que me queres prender e levar embora.
Sabes que o Tempo tudo pressente!
Não sou um mero humano inconsciente!”
Receoso fugi para longe do malvado,
Irado com a deturpação que provoquei
No seu mundo desfalcado,
Onde é senhor único, dono absoluto e rei
Da destruição decadente e fria
Da raça humana. Pobre coitada que nele se refugia!
Todo o mundo para mim está aglomerado
Num qualquer sítio que não encontrei.
Passei o tempo sonhando acordado,
Julgando, estupidamente, que algum dia farei,
Tamanho acto heróico digno de soberania.
Mas o tempo devora a minha sabedoria,
E tudo o que vejo é nada, senão dispersão!
Somente me restam vultos e vozes tornadas eco,
Que bailam à minha volta de tanta animação
Olhando para mim, com cara de boneco,
Apático à vida... Morrendo lentamente,
Avançando no tempo, como quem nada sente.
Bruno Torrão
31 Out.'04
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