Por vezes estou vivo... outras, nem sei.
Por vezes respiro. Outras suspiro...
Houve até alturas em que sonhei,
Que de um simples retiro,
Sombrio e húmido, escuro de morte,
Perdia a minha orientação e o meu norte,
A quem os meus suspiros mirava,
E com tamanha frieza mos roubava.
Por vezes estou morto... julgo que esteja.
Nem sei... Não conheço o que separa, afinal,
A vida da morte. Sou a alma que rasteja
Entre cacos e cactos, espinhos de dor mortal,
Que me rasgam a pele. Fraquejo. Como estou?
Nem sei dizer, sequer, o que sou...
Se alma, se corpo, se nada... ou tudo.
Se rasgos de tristeza que me fazem mudo.
Por vezes sou tudo... outras, nem tanto.
Por vezes sou nada. Por vezes apenas sou
Aquele que lança aos ventos o pranto
Que imagina que quem tal choro criou,
Não passa de alguém que não é vida.
Alguém que nunca foi nada. Esquecida,
Talvez, uma vida que se fez de aço,
Morta e desfeita pela malvadez do cansaço.
Por vezes sei o que sou. Muitas não sei.
Julgo que manejo o tempo e sou quem ensina
Toda a gente a viver o que, um dia, inventei.
Como manter a pose. Como matar a rotina.
Como se ser feliz numa intensa infelicidade.
Como se manter jovem no fim da idade.
Mas nem sempre estou vivo. Nem sempre morto.
Caminho, portanto, à luz de um caminho torto.
Bruno Torrão
24 Jan.'05
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário