Ao ver-te, não me brotam palavras.
Calo-me... Prendo-te num abraço.
Com os teus olhos a mim lavras
O corpo todo e o meu espaço,
Como se fosse um campo agreste
E de sabor que não entende ao paladar,
Ainda virgem de amor silvestre
Como as amoras que crescem no teu olhar.
Trinco-te as vistas e a íris toda se deleita...
As pálpebras aconchegam-nos num pestanejar
Como se lançassem lençóis onde se deita
O nosso sonho comum duma cama de amar.
Bruno Torrão
29 Abr. 07
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Poema CXCIV - Morada
As coisas mudam de sentido
Nas ideias que o pensamento cruza.
Sinto o mundo quase perdido
Numa rotação quase confusa.
E no rodar do calendário,
Dia-a-dia, por semana,
Rasuro o meu itinerário
Duma folha donde emana
A confusão dos meus versos
E o riscar das palavras inúteis.
Vivo em mundos submersos
De sub mundos supra fúteis
Que se reflectem no meu espaço,
- Embora os queira detonar -
Mas suporto em cada braço
Quilos de algemas p’ra não lutar...
As palavras não me saem num grito
Enquanto as escrevo na minha pele
“A fraca existência que vomito
Sabe-me a tudo e mais a fel!”
Onde se esconde o mundo
Que de mim já não quer nada?
Tudo à volta é poço onde me afundo...
Quem me dá do mundo a morada?
Bruno Torrão
25 Abr. 07
Nas ideias que o pensamento cruza.
Sinto o mundo quase perdido
Numa rotação quase confusa.
E no rodar do calendário,
Dia-a-dia, por semana,
Rasuro o meu itinerário
Duma folha donde emana
A confusão dos meus versos
E o riscar das palavras inúteis.
Vivo em mundos submersos
De sub mundos supra fúteis
Que se reflectem no meu espaço,
- Embora os queira detonar -
Mas suporto em cada braço
Quilos de algemas p’ra não lutar...
As palavras não me saem num grito
Enquanto as escrevo na minha pele
“A fraca existência que vomito
Sabe-me a tudo e mais a fel!”
Onde se esconde o mundo
Que de mim já não quer nada?
Tudo à volta é poço onde me afundo...
Quem me dá do mundo a morada?
Bruno Torrão
25 Abr. 07
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Poema CXCIII - Réstia
Roí a minha última unha
Onde punha
Todo o verniz do frasco.
Deu fiasco.
Rasguei a minha última camisa,
Tão precisa,
Que engomava com precisão
A cada serão.
Do jardim colhi a última rosa
Em prosa.
A mesma que a mim prometia
Arrancar em poesia.
Sequei a última gota dos canos
Que, em anos,
Guardei religiosamente da vida.
E em seguida:
Gastei todo o amor por ti
Que restava ainda no meu ser.
Perder? Não! Não te perdi...
Preferi, por tudo, te esquecer.
Bruno Torrão
02 Mar. 07
Onde punha
Todo o verniz do frasco.
Deu fiasco.
Rasguei a minha última camisa,
Tão precisa,
Que engomava com precisão
A cada serão.
Do jardim colhi a última rosa
Em prosa.
A mesma que a mim prometia
Arrancar em poesia.
Sequei a última gota dos canos
Que, em anos,
Guardei religiosamente da vida.
E em seguida:
Gastei todo o amor por ti
Que restava ainda no meu ser.
Perder? Não! Não te perdi...
Preferi, por tudo, te esquecer.
Bruno Torrão
02 Mar. 07
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Poema CXCII - Madrugada
para Margarete
Estivo nas costas o peso do dia
Como quem deseja o seu termo...
Árduo desfalecer da folia
Que transpira o amor, enfermo,
Na madrugada só da gente.
Sei que guardas no sentir,
Como que corpo morto e ausente,
O pesar amargo do travo florir
Das azedas que brilham p'rá gente
Sob o sol (desgosto) do meio-dia!
Guarda tu a nossa madrugada
Antes que ela se faça dia!
Eu mantenho-a em mim guardada
Como a eterna melodia
Que fizemos vingar entre nós!
Bruno Torrão
19 Fev. 07
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Poema CXCI - E as flores
Veio ainda o destino dar-me
Um molho de rosas vermelhas
Veio ainda o destino tirar-me
Todo o pólen e abelhas
A cor o cheiro. Rosas velhas
Veio ainda o destino dar-me
Cravos lírios margaridas
Veio ainda o destino tirar-me
Mel e favos. Deu-me feridas
E mais as rosas antigas
Veio ainda o destino dar-me
Do arco-íris todas as cores
Veio ainda o destino tirar-me
Para além de todos os sabores
Amores odores... E ainda as flores!
Bruno Torrão
30 Jan. 07
Um molho de rosas vermelhas
Veio ainda o destino tirar-me
Todo o pólen e abelhas
A cor o cheiro. Rosas velhas
Veio ainda o destino dar-me
Cravos lírios margaridas
Veio ainda o destino tirar-me
Mel e favos. Deu-me feridas
E mais as rosas antigas
Veio ainda o destino dar-me
Do arco-íris todas as cores
Veio ainda o destino tirar-me
Para além de todos os sabores
Amores odores... E ainda as flores!
Bruno Torrão
30 Jan. 07
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Poema CXC - A tua língua
Quero a tua língua
Na minha enrolada
Tal como salsicha em couve-lombarda
Sentir-te as papilas
Até as aftas em baixos e altos
Fazer dos teus dentes asfaltos
Nas curvas das coroas
Ser teu rei imperador
Do teu paladar e sabor
Quero a tua língua
Na minha boca
Percorrendo louca
Todos os céus da boca
Sedenta de mim
Dentro de mim
E sempre assim!
Bruno Torrão
30 Jan. 07
Na minha enrolada
Tal como salsicha em couve-lombarda
Sentir-te as papilas
Até as aftas em baixos e altos
Fazer dos teus dentes asfaltos
Nas curvas das coroas
Ser teu rei imperador
Do teu paladar e sabor
Quero a tua língua
Na minha boca
Percorrendo louca
Todos os céus da boca
Sedenta de mim
Dentro de mim
E sempre assim!
Bruno Torrão
30 Jan. 07
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Poema CLXXXIX - Soneto digital
Que ao pegar na folha de papel digital
De bytes à mistura... delete não faz mal.
Sou soneto destruído e repetido
Sem grande formatação ou alarido!
Tenho forma simples e sem complicação,
Que o soneto recente já não é, senão,
Quadras e tercetos do que é o real.
Já sem paixões patéticas e outras tal!
Sou, agora, um soneto bem moderno
Dos que dispensam o bloco ou caderno.
O cheiro a tinta da esferográfica!
Adultero os trabalhos da gráfica
Com horas extra e em trabalho non-stop
Fácil de partilhar! Pronto para o desktop!
Bruno Torrão
29 Jan. 07
De bytes à mistura... delete não faz mal.
Sou soneto destruído e repetido
Sem grande formatação ou alarido!
Tenho forma simples e sem complicação,
Que o soneto recente já não é, senão,
Quadras e tercetos do que é o real.
Já sem paixões patéticas e outras tal!
Sou, agora, um soneto bem moderno
Dos que dispensam o bloco ou caderno.
O cheiro a tinta da esferográfica!
Adultero os trabalhos da gráfica
Com horas extra e em trabalho non-stop
Fácil de partilhar! Pronto para o desktop!
Bruno Torrão
29 Jan. 07
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Poema CLXXXVIII - Ao fim
Se me vens ao encontro por mim
E me descascas da alma teu perfume
Se me vens envolto em cetim
E sedas e suavidade e ciúme
E em cada palavra o meio o fim
E tudo o que queres que não se diga
O que por fim receio – dor de barriga –
É que me apartas sem já ter amor
E procures na incessante leveza dos passos
Esquecer entre nós todos os abraços
E carícias e beijos e toques e... quanto mais
E retornemos ao que fomos antes... jamais
Ser-se futuro mais que perfeito
Somos imperfeitos. Nada continua
Senão as lembranças na fase da lua
Mais aconchegante que ainda assim superámos
E guardámos... ao fim!
Bruno Torrão
17 Jan. 07
E me descascas da alma teu perfume
Se me vens envolto em cetim
E sedas e suavidade e ciúme
E em cada palavra o meio o fim
E tudo o que queres que não se diga
O que por fim receio – dor de barriga –
É que me apartas sem já ter amor
E procures na incessante leveza dos passos
Esquecer entre nós todos os abraços
E carícias e beijos e toques e... quanto mais
E retornemos ao que fomos antes... jamais
Ser-se futuro mais que perfeito
Somos imperfeitos. Nada continua
Senão as lembranças na fase da lua
Mais aconchegante que ainda assim superámos
E guardámos... ao fim!
Bruno Torrão
17 Jan. 07
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Poema CLXXXVII - Vago
Ainda agora se amanhece e o mundo,
Qu’inda agora parece tão parado,
Professa no meu corpo tão desalmado
A ideia mundana de que me afundo
Em cada minuto, em cada segundo,
Na estúpida razão da tua saudade.
E tanto me custa crer nesta verdade
Que me escapo de mim; e sou vagabundo.
Vagueia o pensamento que m’hostiliza
Como em corpo sem fronteira navegasse.
Vagueio triste e livre, sem porta ou chave,
E neste meu vago corpo que desliza
Desisto de tudo como se chegasse...
E o mundo desfalece tão suave...
Bruno Torrão
14 Jan. 07
Qu’inda agora parece tão parado,
Professa no meu corpo tão desalmado
A ideia mundana de que me afundo
Em cada minuto, em cada segundo,
Na estúpida razão da tua saudade.
E tanto me custa crer nesta verdade
Que me escapo de mim; e sou vagabundo.
Vagueia o pensamento que m’hostiliza
Como em corpo sem fronteira navegasse.
Vagueio triste e livre, sem porta ou chave,
E neste meu vago corpo que desliza
Desisto de tudo como se chegasse...
E o mundo desfalece tão suave...
Bruno Torrão
14 Jan. 07
Iniciemos, então, Fevereiro! Iniciemos, igualmente, a minha sétima compilação de poemas!
Se todos os outros livros tiveram alguma razão de ter este ou aquele nome, este que agora vos irei dar a conhecer, é exactamente o filho renegado. De tal forma que, quando decidi que aqui iniciaria um novo separador na minha obra, apenas surgiu o nome do poema que abre o livro, este que aqui vos escarrapacho! Vago! Livro vago!
Se, à excepção do Livro da Palma, todos haviam sido intitulados após a escolha do primeiro e último poema a figurar nos mesmos - e embora a criação do Livro da Palma possua a sua própria história - este novo capítulo nada tem a haver com nada. E talvez até por isso seja nada mais do que o próprio nome, inconscientemente atribuído, o queira denominar pelo seu ser. Vago.
Se todos os outros livros tiveram alguma razão de ter este ou aquele nome, este que agora vos irei dar a conhecer, é exactamente o filho renegado. De tal forma que, quando decidi que aqui iniciaria um novo separador na minha obra, apenas surgiu o nome do poema que abre o livro, este que aqui vos escarrapacho! Vago! Livro vago!
Se, à excepção do Livro da Palma, todos haviam sido intitulados após a escolha do primeiro e último poema a figurar nos mesmos - e embora a criação do Livro da Palma possua a sua própria história - este novo capítulo nada tem a haver com nada. E talvez até por isso seja nada mais do que o próprio nome, inconscientemente atribuído, o queira denominar pelo seu ser. Vago.
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