Da minha torre de Narciso
Ao sol, ao vento, à música, levanto
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
A obrigação de me escutar o canto
E entender o que digo e o que sonho.
A mim me desafio. Aos outros ponho
A condição de me odiarem tanto
Que não descubram nunca o que suponho
O meu secreto e decisivo encanto.
Contra o que sou me guardo e quando oiço
Falar do que pareço, posso então
Encher o peito de desprezo e riso.
Pois só eu me conheço e só eu posso
Subir até àquela solidão
Onde me incenso, amo e realizo.
Era, de todo, inadmíssivel se, depois de deixar aqui poemas da Florbela e da Amália, não vos delicia-se com um dos meus predilecto poetas. José Carlos Ary dos Santos.
O génio das mais de mil letras da música popular portuguesa, comunista e homossexual (mais que) assumido, conseguiu, apesar da repressão da época, desviar-se da voraz PIDE e da Ditadura Salazarista! Ainda há quem não o considere génio...?
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