Inverso
Com o tempo que te espero, que te aguardo,
Sentado à beira deste rio que corre inverso,
Junta-o todo, e num caixão selado,
Escreve-me um poema desfeito em verso
E desfaz-me o corpo em sedução
E seduz-me a alma em perfeição descabida.
Esquece o tempo e faz-me refrão
Numa canção de nós nascida.
Não percas tempo e canta-a sem razão!
Talvez consigas ainda criar mudança
Ao curso que o rio, até então,
Sem fim previsto, não se cansa
De correr contra nós e contra si
E leva as vidas atrás das ondas!
Traz sal do mar e algas para aqui,
Para que nele pelo meio te escondas.
Bruno Torrão
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