Saudade e nojo
Crescem ervas cinza no peito aberto,
Feridas escarnecidas em sangue opaco
A todos os olhos se põe a descoberto,
A todas as vistas é só um buraco
Por onde os ventos passam, apenas,
Lavando da alma a saudade e o nojo.
Transparente janela aberta que encenas
Meu corpo inteiro a andar de rojo.
E nas pedras lascadas do chão que rasgo
A pele que de nós já foi cama,
Com ela em viva carne, próprio me engasgo,
E pela garganta me descama
Deixando-me ao silêncio abrupto. Conciso.
Do espaço aberto no peito ainda resta
Espaço para guardar o que preciso,
Seja no fundo o nojo ou a saudade funesta.
Bruno Torrão
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