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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Uno



Uno
Quem sabe, um dia esquecemos que fomos tudo.
Que fomos chuva tapada sobre um alpendre,
Que fomos beijos de língua em lábio carnudo,
Que fomos do erro um outro erro que se aprende
Um luto que hoje luto e que em mim se suspende.

Que fomos mão e mão dadas num parque da cidade.
Que fomos no parque unidos como as flores à terra,
Raízes profundas com sede de água e claridade.
Que fomos a luz que a própria noite descerra
Por entre a serra que entre nós aperta e ferra.

Que fomos braço e não braços, peito e não peitos,
Pois se fossemos dois jamais seríamos uno.
Como nas células, em mais cortes que fossem feitos,
Seríamos sempre parte de um corpo oportuno
Que tarde ou cedo cedia ao amor inoportuno.

Bruno Torrão

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