Rodeio
Deixa lá esse rodeio que o tempo roda já demais
Sobre si, de nós alheio, passa vidros e portais,
Passa esquinas e taipais que se tapam de soslaio
E deixam entre os demais só o tempo que lhes extraio
Se te caio, se me calhas, somos que tectos caiados
Como teias, como malhas, como bilros e bordados,
Como fendas encastrados num tempo que se escapa
Como farpas num quase quadro onde o pincel se esfarrapa.
Deixa lá esses rodeios! O tempo não espera que cruzemos
Por esses becos feios onde às voltas não nos metemos!
E assim, como por menos, voltamos ao tempo reunido,
Enquanto formos obscenos às voltas dum corpo despido!
Bruno Torrão
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