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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Poema XCIII - Sem ti (meus dias)

Em Coimbra

Meus dias sem ti são tão obscuros
Tão compridos, tão cinzentos
São meus dias sem ti
Meus dias sem ti são tão absurdos
Tão ácidos, tão duros
São meus dias sem ti
Meus dias sem ti não têm noites
Se alguma aparece
É inútil dormir
Meus dias sem ti são um desterro
As horas não têm princípio nem fim
Meus dias sem ti são como um céu
Sem luares prateados
Nem rastos de Sol
Meus dias sem ti são como um eco
Que sempre repetem
A mesma canção...

Bruno Torrão
02 Out. '03



Coimbra. Em Coimbra já me fartei (pelo melhor sentido) de escrever. Rara é a vez que não regresse a Alverca sem mais um poema, um conto, uma escriturisse qualquer...
Coimbra tem, de facto, aquele encanto. Seria a única cidade (das que conheço, obviamente) que trocaria pela minha apaixonada Alverca. E quem me conhece sabe que não troco Alverca por nada... A não ser Coimbra.
Como tal, em Outubro de 2003 fugi para lá, como já havia feito em 99, também pela mesma altura. Fugia porque ainda não sabia se o havia de fazer. Fugia àquilo que qualquer jovem que acredita nas fortalezas do amor fugiria. O desabar de uma paixão constantemente a arder e a consumi-lo, mas que já lhe havia destruído os alicerces da razão!
Desde há alguns anos que Coimbra passou a ser o meu refúgio social. Para além de lá ter a minha irmã, cunhado e sobrinhos a viver (e mais um punhado de "amigos") lá consigo abstrair-me do mundo e concentrar-me em mim. Aprender-me, como sempre digo.
Hoje em dia, continuo a fugir para Coimbra sempre que a alma o pede e todo o resto das condições que me prendem ao Sul me soltem as amarras. As razões essenciais, essas, são sempre tão variadas como o pensamento.

Um bom ano.

Poema XCII - Sinto-te

Em Coimbra

Os dias passam vagarosos...
As noites parecem intermináveis...
Os pensamentos tornam-se repetitivos,
As lembranças insuportáveis.

O cigarro queima-se por si...
A minha visão cola-se algures...
Suspiros seguidos e incontroláveis,
Despertam-me a alma, e a minha memória.

A chuva cai forte no telheiro de zinco,
Acorda a vizinhança no terceiro sono.
O coração palpita bem forte
E desperta a saudade que sinto de ti.

A cabeça batuca repentinamente.
Os olhos enxaguam-se de salgadas lágrimas.
O grito não sai. Só choro em silêncio.
Deito-me no escuro do quarto em que durmo.

Dou voltas na cama.
Mordo o lençol.
Encharco a fronha...
E choro... choro.

Bruno Torrão
02 Out. '03



Um bom ano para quem anda por aí, a ler isto. Eu, vou passar o ano a trabalhar. Pode ser que as coisas mudem finalmente.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Poema XCI - A chuva lava

Em Caxarias

A chuva lava o rosto molhado...
Para trás deixei-te... amargurado
Parto para longe de ti...
E choro. Lamento. Morri!

Não mais ouvirás minha voz.
Apenas na tua memória viverá o nós
Que há um ano era um só.
Morri com dor. E tu sem dó.

Jamais me chamarás!
Jamais me ligarás...
O meu número mudou.
O passado o levou... o futuro apagou.

A sociedade apenas recordará
Alguém que já não está!
Para trás tudo deixei... amargurado.
A chuva lava-me agora... meu rosto molhado.

Bruno Torrão
30 Set. '03

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Poema XC - Não vou chorar

Agora vejo o que perdi
E rejeitei por te amar assim
E confesso que me esqueci
Tudo o que tu nunca foste para mim

Mas está na hora de acordar
E esquecer tudo o que passou
Desta vez não vou chorar
Como já fiz por quem não me amou

E agora sigo mais uma vez
O que o destino quis
E implorou
Pois tudo o que se fez
E não resultou
Não voltará mais

E agora sou livre outra vez
De seguir só por mim
E p’lo que sou
Já que às duas por três
A paz falhou
E não voltará mais

Bruno Torrão
16 Ago. '03



Escrito ao som de "Non voy llorar" da diva Mónica Naranjo

sábado, 27 de dezembro de 2008

Poema LXXXIX - Último dia

Talvez te volte a encontrar
Talvez um dia... Talvez
Num cenário cinzento d’amargurar...
Vou-te olhar como te olhei outra vez

Porque o purgatório é eterno
E nesse dia, meu amor
Nada se parecerá inferno
Apenas em minha alma viverá a dor

Porque nesse dia, verás
Que todo o cenário branco rodeante
Parte de ti... e saberás,
Nesse dia amor... Que chorarei a cada instante

A vida que não vivemos...
E eu em pleno escarlate
Chorarei... e me lançarei em lamentos
P’lo que não fiz só por amar-te.

Bruno Torrão
27 Abr. '03

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Poema LXXXVIII - Novo Rap

E a guerra aqui tão perto!
E o fim aqui tão perto...
Acordo de manhã... desperto
O Durão armou-se em esperto!
Pensa ele que fica famoso
Por aliar-se ao mete nojo
Do Bush amaricado
E do Blair, seu atrelado!

E a Guerra aqui tão perto!
Porque o Bush desmamado
Quer o Iraque desarmado
E Portugal como aliado
Só ficará prejudicado!
[O Povo] Vai ver a gasóleo aumentado
Mais que 4 por litrada!

E o povo fica a leste
Lá prós lados do Iraque
Quem garante que um ataque
Não nos cai em cima?
Ou uma daquelas bombas
Que alteram o próprio clima
Apesar de serem só um teste?

Bruno Torrão
21 Mar. '03



Havia sido assinado na véspera o (quiçá) mais dubitário tratado de sempre. Duraão Barroso, Aznar, Blair e Bush, reuniam-se nas Lajes do Açores para formalizar a conquista bélica do Iraque. A contestação mundial foi emergente! E a minha também, uma das formas de a fazer valer foi exactamente esta!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Poema LXXXVII - Olha o destino

Olha para trás amor...
Vê como o destino te trepassou.
Repara como as cinzas fazem do calor
Parecer gelo que não quer ceder
Ao olhar gélido dum Deus que não sou.

Olha para nós amor...
Analisa cada passo, todos os dias...
Interioriza... memoriza o furor
Com que rapidamente nos amámos...
E hoje... amor, renasce o que querias...

Ou imaginaste...
Olha para o futuro... paixão.
Vês o que criaste?
Não culpes o teu nascer pelo que vives
Porque só ele faz viver meu coração.

Bruno Torrão
17 Mar. '03

sábado, 20 de dezembro de 2008

Poema LXXXVI - E se o sol se pusesse hoje?

E se o sol se pusesse hoje?
E se a noite ficasse para sempre escura
Como um túnel sem fundo, e ao longe
Não houvesse luz, nem lua, nem verdura,
Que fizesse lembrar a vida
Que eu não vivi?

Uma vida de cores feita
Que pintava máscaras de papel
Lançadas à água... E cada uma desfeita...
Dissolvendo nas águas sabor a fel...
Tristeza dissolvida
Numa água que bebi...

E o sol hoje se pôs... definitivamente.
Nunca morrer tão cedo fez bem
A quem quer que fosse... e repentinamente
A vida levou-se mais além
Fechando as fronteiras,
Andando para trás.

Bruno Torrão
16 Mar. '03

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Poema LXXXV - Sem título

@ wireless

A noite cai repentina...
Por fora das janelas ouvem-se gritos.
Mochos... sábias aves de rapina
Saboreiam doces moranguitos

Alcoólicos bailam como uma cortina
Levada na paz do vento.
A noite, o sossego, a neblina
Rompidas pela alegria das divas,

Rasteja, obediente,
Perante a euforia das ditas.
O sol nasce, timidamente,
E manda todas para a camita!

Bruno Torrão
03 Mar. '04

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Poema LXXXIV - Chamo-te

Ouves-me chamar-te?
Diz-me que sim...
Preciso de saber que me ouves nestas noites
Em que somente os lençóis me acariciam...
Em que a lua se esconde
Em nuvens nunca antes por ela conhecidas
Apenas para evitar responder-me...

E sabes?
Tenho medo...
Tenho medo da resposta da lua...
Tenho medo que os lençóis
Não mais me envolvam...
Ou que sejam para sempre eles,
E apenas eles os meus afectos...

Sabes?
Tenho medo que não me oiças...
Tenho muito medo que a minha voz
A ti não chegue...

Mas sabes?
Todas as noites eu chamo por ti...
Todas a tardes eu chamo por ti...
E continuo a chamar
Até saber afinal
Se me ouves chamar-te...
Ouves-me chamar-te?

Bruno Torrão
25 Fev. 03

Poema LXXXIII - Acham-o belo?

Não me interessa se o que escrevo é belo...
Não me seduz muito eufemismo...
Nunca me seduziu!

Seduz-me sim alguém que compreenda,
Que saiba distinguir onde está o meu lado
Que fala ali... naquele monte de tinta...

Até que um monte de tinta nem tem nada de belo...
Teria se eu fosse Picasso...
Se eu fosse um Van Gogh...
Mas sou um poeta...
Só me interessa o conteúdo
Ou quem o saiba desvendar...

Por isso vos peço...
Comentem... ou calem-se para sempre...

Bruno Torrão
25 Fev. 03

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Poema LXXXII - Tuas prendas

Joguei-as fora do telhado
Tuas prendas do ano passado...
Tuas declamações de amor,
Tuas letras de canções de dor...

Dizias que não me tinhas,
Dizias estar distante... a milhas
Juravas amor eterno...

E hoje enterro
Nas roseiras do meu quintal
As prendas que me deste no Natal...

E hoje enterro...
Sem piedade alguma enterro,
As prendas em pó que me deste
Das juras que um dia não fizeste...

Bruno Torrão
24 Fev. 03



Este foi a primeira composição poética onde apliquei a técnica de evolução em prol da criatividade à qual chamei Three Words Poetry, na qual consite em costruir um poema lógico a partir de três vocábulos sem co-ligação frásica.

Ainda me tentei recordar de quais foram as utilizadas neste poema, mas sem sucesso...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Poema LXXXI - A Missão

O que fazer quando já não se tem nada?
Quando já nem escrever se sabe?
O que fazer quando a porta fica fechada?
Quando já nem a própria chave a abre?

O que farei eu agora, que me perco em noites de pranto?
O que faço eu para evitar tal desmoronamento?

Tento pegar numa caneta entretanto...
Missão falhada... Ela por si só não escreverá nada.
Preciso de arranjar um tema...
Algo não muito elaborado... coisa pequena...

Mas nem assim chego à meta
Grande porra... mesmo... Grande merda!

Mais uma vez termino a noite esgotante
Com palavras como: “Amanhã talvez consiga...”
Apesar da resposta ser de certo negativa...
Sempre tento ir mais avante...

Bruno Torrão
13/11/02

sábado, 4 de outubro de 2008

Poema LXXX - Já fui... Não sei

Já fui dono de uma maravilha
Que pelo mundo não se expandiu...
Já estive preso numa ilha
Cujos horizontes nunca ninguém viu.

Já fui um grão de areia fina
No meio dum deserto de saudades...
Já fui lume de uma candeia
Cujo fogo vive eternidades.

Já fui poeta,
Senhor de oceanos de papel...
Que cruzava com uma caneta
Traços de dor e de fel.

Hoje sou um não sei.
Um frustrado não sei...
Não sei o que escrever,
Nada sei senão... o que não sei!

Bruno Torrão
02/09/15

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Poema LXXIX - Evita, Amor

Evita, amor, que eu morra hoje...
Evita... por mim, que me vá para sempre.
Aguardo-te... sentado, por pouco tempo,
Porque o tempo para me ir... nunca será longo.

“Quedate, que este tiempo es nuestro...”

Bruno Torrão
s.d.



Começa, assim, o meu Terceiro Livro (ao qual chamei de MAGNOTICO - Livro Primeiro). Sem data. Curto. Pouco trabalhado. Pedaços que até não são meus.

Segundo o meu site oficial "Nada é mais meu que o meu próprio nome (...) Magnotico é, para mim, como um nome (...) para, com ele, me identificar no mundo cibernético. (...) Tal como magnotico, a poesia identifica-me por completo..."

E ser o magnotico é isso mesmo. É aceitar, também, o que rodeia; até porque na poesia que escrevo é notório um suave egotismo, o facto de ter algo que não fui eu a existencializar, torna, talvez, estas frases mais compreensíveis. Penso eu...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Poema LXXVIII - Busca falhada

A noite passa lenta...
Vagarosa, que nem tímida.
O sono chega e intimida,
A musa que chega e não entra...

Corro num ápice para a porta!
Assustou-se a minha querida
E adorada... A noite é fodida!

Volto de novo para o meu quarto,
Triste, em prantos mil...
Sinto-me encurralado neste covil,
Sozinho, olhando o seu retrato.

Decido partir a parede, mesmo sem força...
Abro com esforço um buraco, uma janela,
Para poder ver a minha musa bela!

Mas reparo... Os meus olhos fecham...
Ao de leve, provocado pelo dia.
Agora, que o Sol irradia...

Bruno Torrão
01/12/12



Este foi o último poema do meu Segundo Livro (aqui, no blog, denominados por Oráculo) Letrodependência.
Parecia-me, assim atingir uma busca falhada...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Poema LXXVII - O dia do Exame II

Demora

Ainda falta um quarto d’hora
Para sair porta fora!
Para quê tanta demora
Se não faço cá mais nada?
Senão ver gente sentada
A fingir que pensa em nada...

Bem que aquela tá irritada
Por causa da tal mestrada
Não lhe ter dado a nota adequada.

“Vais ver se consegues agora?!
Só se ficares mais meia hora
Após o fim da prova...”

Pobre coitada sonhadora...
Vale-te mais pegar na demolidora
E destruir a parva da tua “stôra”,
Por não te ter dado prometedora
De que para o ano serias doutora...
... Continua a sonhar, e serás varredora!

Bruno Torrão
01/09/06



E eis que, em menos de 15 minutos após terminar a primeira composição, e já farto de fazer nada, surge, assim, a noção da demora, e dela, este poema!

Poema LXXVI - O dia do Exame I

‘Tá o exame terminado
... interminado ...
O enunciado
Já posto de lado
Dá-me a sensação de encurralado...
Entre o vazio e o nada
... quase nada ...
será essa a nota dada
por uma possível mestrada
hoje em dia frustrada
por leccionar numa secundaria.
Queria ela ser universitária
... ou secretária ...
de uma empresa dubitária.
Mas pobre velha coitada,
Corrige-me o exame e fica calada.

Bruno Torrão
01/09/06



Ensino secundário. Chega a época de exames. História.
O facto de ter chumbado no 10º e 11º a esta disciplina, fez com que no exame nacional tivesse de ter tirado 11 valores, no mínimo. Graças a tal, e por nunca ter estudado vez alguma na vida, este exame criou-me as perfeitas expectativas de sucesso, mas, no entanto, viradas ao contrário.
Deste modo, aquando do dia do exame, em vez de ter gasto os 120 minutos a responder às questões, limitei-me a fazê-lo em cerca de metade, tomando o resto a elaborar este e outro poema!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Poema LXXV - Estrela Guia

E o caminho que agora faço
Se desfaz por cada passo
Que dou a mais, neste deserto,
Por lágrimas e mágoas coberto,

Sob um céu cinzento entristecido.
Sou um mago da noite desconhecido,
Que vagueia pelas brumas reluzentes,
E que pinto numa tela cores quentes,

Ao qual dou o nome de Estrela Guia!
E algo então me transpõe alegria
Para a minha alma de noite preenchida.
E a cada pincelada de tinta escorrida

Que no futuro acalmará meu desespero,
E aquilo que hoje tanto venero,
Se seguir a minha Estrela tão querida,
Fará de real o que de irreal preenche a minha vida!

Bruno Torrão
01/07/13



Este poema surgiu de um quadro que pintei, ao qual havia chamado "Estrela Guia", aquando dumas actividade de valorização pessoal e inter-pessoal.
Talvez assim se sirva de explicação...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Poema LXXIV - Expiração

Que seja esta mais uma noite
Em que as letras não se conjuguem
Pela falta de inspiração...

E por cada letra solta,
Que à solta andem pela rua
Escrevam em minha mente
O que fica marcado no chão...

Porque os ares que agora condenam
A prender os que não sabem voar
Mantenham-nos presos em terra
Mas livres de voar pela imaginação...

E que pela jornada que então fizeram,
Ao final chegarão felizes
Por ser uma noite de expiração...

Bruno Torrão
01/05/28

sábado, 9 de agosto de 2008

Poema LXXIII - Um grito

Hoje apeteceu-me gritar...
Por saber que não o posso fazer,
Peguei numa caneta, esbelta
E num caderno, onde irei escrever
Aquilo que não gritei...

E agora grito, por dentro de mim
Como se estivesse a rebentar...
Um pequeno aperto cresce...
Sim, é o grito que se está a soltar
Pelas cordas de uma guitarra ao longe...

Cujos acordes me dão serenidade,
E calma, e mais...
Mais algo que não sei dizer,
Apenas sentir e... e mais...
É muito mais que um só grito!

Bruno Torrão
01/04/11

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Poema LXXII - Noites Acesas

É de noite que mais me aperta
A dor que de dia atravessa
O meu corpo, a minha alma,
E que de noite me desperta
O que de dia me acalma,
E que de noite me processa
E me coloca no banco dos réus
E me afasta dos céus
Em direcção aos infernos.

Bruno Torrão
01/03/30

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Estrelas Sugestivas IV

À sombra das Estrelas Sugestivas anteriores, trago, desta vez, uma sonoridade algo diferente das primeiras sugestões. E, quem conhece Mónica Naranjo, sabe bem que nada tem a ver com Ana Moura, Gonçalo Salgueiro, muito menos com Alias & Tarsier...

O facto é que o meu ecletismo surpreende qualquer pessoa! Embora este álbum da Mónica, de seu nome Tarântula, esteja ligeiramente diferente do que estávamos habituados a ouvir da mesma, um dos seus hotspots continua. A irreverência! E como prova, estão os dois vídeos (um já oficialmente "cá fora", outro vindo da Kandonga :P). Falo-vos dos temas Europa e Amor y Lujo, respectivamente.

Embora estes sejam os temas mais "dançáveis", QUASE todos os restantes nove, se ouvem com facilidade. No entanto, quem está à espera da continuidade da arrojada Naranjo deva, primeiramente, abrir a mente para ... "uma nova experiência"!

Como adoçante, deixo-vos com o primeiro single, em vídeo. Europa!

Poema LXXI - Dia de S. Valentim

É tão lindo! Que alegria
Brotam os namorados neste dia
De S. Valentim!
Só não o é em mim...

É somente mais um dia
Do ano, e dos anos que passam
E que em mim disfarçam
A dor, a tristeza e a agonia...

Ah vida que és tão injusta!
Mal sabes tu o que me custa
Não ser amado
Sem ouvir alguém me chamar namorado...

Mas que hei-de eu fazer?
Não adianta de nada chorar.
Nada há a adiantar!
Que farei eu senão sofrer?

Bruno Torrão
01/02/14



Ainda a vida era demasiado verde, que estranho...
De facto a maioridade veio trazer-me muita coisa diferente! E sim, tenho sido diferente, não implincando que seja mais ou menos feliz.
Mas é isso mesmo! Não tem sido o amor a trazer-me toda a felicidade. Nem nada! Mas tenho sido feliz e infeliz. E o bom é isso!

Só porque acho que hoje devia (e até estou com mais vontade) de escrever algo mais do que apenas postar o poema e desconectar-me do blog!
Provavelmente já não escrevo nada mais hoje... Até porque tenho estado a atravessar um deserto de inspiração demasiado agreste!

E findo-me aqui, por hoje.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Poema LXX - Caso o tempo to permita

Vento leve e folhas d’Outono...
Suave movimento da luz,
Dois olhos sós e atentos
Vigiam todo o existente,
Sentem toda a presença à volta...
Uma alma torturada,
Uma ferida por sarar,
Sem desgostos ou promessas.
O passado passou
Mas tu estás livre
Caso o tempo to permita.

É tempo de soltares as tuas asas
De conduzir o teu vôo
De te empenhares na vida
Procurando o sol quente
Que está dentro de ti
Mas tu continuarás livre
Caso o tempo to permita.

Continua a tua caminhada
Para que vejas a luz
Que brilhará para sempre
Navega p’los céus carmesim
Da mais pura luz
A luz que te liberta
Caso o tempo to permita.

Navega no vento e na chuva esta noite
Estás livre para voar
E continuarás livre
Caso o tempo to permita.

Voa mais alto
Que o topo da montanha
Voa que o vento não para
E voa
Pois estás livre esta noite!

Bruno Torrão
01/01/29

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Poema LXIX - Horas Perdidas

Toca agora o sino
Dando as onze horas
Penso para comigo
“Para que serves agora”.

A paixão toca numa aparelhagem,
Ponto de partida
Para uma viagem,
Onde as horas são esquecidas.

Mais uma noite
Sem ter as pestanas unidas
Num sono, ou sonho,
Perdido ou até,
Talvez esquecido
Por alguém que não me tenha escolhido
A dormir nesta noite
De inspiração.
E continua a tocar a paixão.

Bruno Torrão
01/01/15

domingo, 27 de julho de 2008

Poema LXVIII - Mas é o amor

Amor, ardor ardido
Saboroso sexto sentido
Que me exalta o coração
Em plena sensação
De liberdade.

É como andar pela cidade
Sem ter direcção,
É responder sempre não
Quando devia ser sim.
É algo que não controlo em mim!

Mas é o amor.

É simplesmente uma trovoada
Que de Verão não diz nada,
E no Inverno vale tudo
Tudo o que existe em todo o mundo
Pode até mesmo ser amor profundo.

É como a ressaca de fim-de-ano,
Ou a religião de um profano
É como o sumo de limão
Que pretende molestar o coração.
Mas é o amor.

Bruno Torrão
00/12/22

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Poema LXVII - Tears/Lágrimas

Outside rain doesn’t stop
Like my soul can’t dry my teardrops
But nobody hears my cry
I’m so weak. I wanna die…

So I wish to live in a dream
Where no one needs to scream
When your own soul felt the pain.
And outside steels the rain.

Na minha alma uma ferida p’ra sarar
No meu rosto lágrimas por secar
Quem me dera estar num sonho
Onde nada fosse medonho.

Mas esse sonho nunca há-de chegar
Ninguém consegue parar de gritar.
A chuva não para de cair...
A minha alma sem conseguir sorrir.

Bruno Torrão
00/12/20



Esta foi a primeira e única tentativa a escrever em inglês. Na época era, ainda, too much basic. Mas era de se esperar, se até na minha língua materna pouco mais o era...
A ideia era até nem postar este poema. O facto é que ele existe. Como tal, aqui está!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Poema LXVI - A tua cura

À minha tão grande amiga,
Marília Céu


Senti no primeiro dia
Nascer uma flor no meu jardim,
Apareceste tu, Marília,
Para preencher o vazio que havia em mim.

Ouvi-te contar a tua vida
Com a tua (única) expressividade
Sabendo que havia um ferida
Algures na tua intimidade.

Foste até hoje o pano
Que amanhã me irá tapar,
Protegendo do mal soberano
Que me quer ferir e matar.

Sinto então a segurança,
Que poucos ma fizeram ter,
Junto de ti tenho esperança
Para ao mal sobreviver.

Quero que o teu céu, só teu,
Não pare nunca de tocar o meu vento,
Em que se une o que é teu e meu
Nem que seja só por um momento.

A tua ferida, hoje, está sarada,
E só abrirá com a saudade.
A receita está passada...
Cura-se com a minha amizade!

Bruno Torrão
00/12/09

sábado, 12 de julho de 2008

Poema LXV - A chegada

Outra vez a chegar.
Enfim, nada a fazer.
Sinto-o a torturar
A minha alma farta de sofrer.

Mas eu gosto do seu sabor,
De sentir o seu tocar,
E de sentir a sua dor,
E de sentir o seu cantar

Que calado faz soar,
Entre meus sentidos
O que não basta com um olhar
Dizer o que se quer em segundos perdidos.

Esquecidos? Não. Jamais
Poderia esquecê-los pois são
Por nada menos nada mais
Zumbidos tordoantes do coração.

Bruno Torrão
00/12/05

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Poema LXIV - Estranhas palavras

Foi esta mais uma noite inspiradora
De algo que não sei descrever,
E que em mim continua a viver
Na minha alma tão sonhadora.

Será causa a agonia? Não me parece!
Pois de mágoas, talvez o seja,
Já que custa, e até gagueja,
Sair cada palavra que d’alegria padece.

Busco então, no meu íntimo ser,
A resposta para tal encalhamento.
Mas em vão, não encontro o sentimento
Que me retira o preparo de escrever.

Descobri, entretanto, por entre minhas entranhas,
Que esta vontade é simplesmente a vontade
De escrever... Com um pingo de saudade,
As palavras que p’ra mim são estranhas.

Bruno Torrão
00/11/15

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Poema LXIII - Poeta da Noite

Poeta da Noite

A Carla Baptista


Poeta da noite me chamaram
Por ser a noite minha inspiração,
Por serem as luas que me iluminaram
E me fizeram exaltar o coração.

Poeta da noite, assim sou conhecido,
Pelas noites que gastei a escrever,
Por ser pelas estrelas o escolhido
Para fazer da vida uma boa vida para viver.

Poeta da noite, assim quero ser
E permanecer para toda a vida
Para no futuro poder dizer
Que fui poeta da minha noite querida.

Bruno Torrão
00/11/01

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Poema LXII - Mil obrigados

Se era na poesia que me alegrava,
Se era na poesia que me escondia,
Se era na poesia que eu chorava
As palavras que não dizia,

É na poesia que eu recordo
Os melancólicos tempos que eu vivi!

Se era na poesia que eu gritava,
Se era na poesia que eu sorria,
Se era na poesia que me refugiava
Das pedras atiradas ao meu dia-a-dia,

É na poesia que agora escrevo
Os risonhos dias que vejo nascerem!

Se era na poesia, que não concordo
Que chamassem beleza ao que escrevi,
A alegria de hoje, à tal beleza eu devo
Mil obrigados a cada letra que fiz escrever!

Bruno Torrão
00/10/20

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Poema LXI - Saudade

É em cada noite fria
Que a saudade mais aperta.
É a altura em que a minha alma
Discreta, secreta, desperta
Ao tocar no meu coração
A saudade.

E é a saudade.
Tenho a certeza que é ela!
E que somente o orgulho a esconde,
Que só a poesia a mata,
Numa luta injusta,
Contra a vida ingrata
Que alimenta
A saudade.

E então cresce a saudade.
Tenho a certeza que cresce!
E que a cada hora que passar
Mais ela irá apertar
O meu sentido mais escondido,
Tantas vezes fingido,
Apenas para matar
A saudade.

Bruno Torrão
00/09/23

domingo, 15 de junho de 2008

Poema LX - O teu mar

A Mariline


Vieste como mar
Inundar a minha vida
Para num momento sarar
A mais dolorosa ferida.

As coisas mais belas que disseste
Fizeram-me voar bem alto
Tão alto que o que quiseste
Fiz aparecerem-te num salto.

Mas o teu mar secou.
E nunca mais a minha terra te sentiu.
E hoje, da maneira como estou
A ferida novamente se abriu.

Bruno Torrão
00/09/23

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Poema LIX - Uma canção

Escrevi tantas canções
Com base na tua alegria,
Repletas de emoções
Vividas no dia-a-dia.

Falavam de sonhos
E de sensações gostosas.
Versos em nada medonhos.
Nada de letras saudosas.

Porque vejo em ti
A alegria que quero ter
Porque vejo em ti
O mapa dos meus caminhos
A percorrer
Vejo em ti
O fruto do meu prazer
Que é, enfim,
Simplesmente o teu viver.

Foi no teu sorriso que fui buscar
Tão orgulhosa inspiração
Para a música que faço cantar
Na mais bela e romântica canção.

Bruno Torrão
00/08/12

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Poema LVIII - Alentejo

Ai Alentejo, como te odeio!
Os teus cheiros, sabores,
A tua terra feita de dores
De secas intensas,
De aridez, e imensas!

Ai Alentejo, como te odeio!
Essa tua calma de enfrentares a vida,
Transparece tua tristeza sentida
Pela pobreza que não te esquece.
E que não desaparece!

Apenas o teu anoitecer
Tem a força de esconder com oliveiras
O fogo que de dia queima noites de lareiras.
E só isso me faz arrepender
P’lo ódio que te tenho e que não canso de o dizer.

Bruno Torrão
00/07/04



Ainda há uns dias comentei com certas pessoas a existência deste poema, e do quanto eu admito o meu pouco-gosto (ou quase nenhum) pelo Alentejo. Certo é, no entanto, que este foi escrito antes de eu ter conhecido tanto o Alentejo Litoral (donde tenho grande admiração por Porto Côvo, Vila N. Milfontes, São Torpes, etc.) e do Nordeste Alentejano (Vila Viçosa, Elvas, Borba, etc.).

No entento, continuo a ter esse mesmo (des)gosto pelo Alentejo da zona de Beja/Serpa...

Peço desculpa, ainda, a quem segue o blog, por ter falhado estes dois últimos dias, mas o cansaço laboral tem vencido!...

domingo, 1 de junho de 2008

Poema LVII - A morte do Anjo

Morreu o anjo da salvação.
Os sinos tocam na televisão,
Enquanto que na aparelhagem
Ouve-se a marcha fúnebre.
Ao longo do rio, na margem,
Deitam-se pétalas ao fundo.

Nas praças acendem-se velas.
Rezam-se orações nas capelas.
Todos choram a sua morte
À porta da casa onde vivia.
Todos esperam com sorte
De que venha a renascer um dia.

Nas noites de luar intenso,
Queimam-se paus de incenso
Para avivar a sua alma.
Pede-se saúde para o lar,
Muita alegria, dinheiro e calma.
E fé, para continuar a acreditar

No anjo da salvação dos nossos seres.
Pede-se igualdade para homens e mulheres.
Entreajuda e paz para todos os povos,
Mais respeito para os velhos,
Educação para os mais novos,
E surdez aos maus conselhos.

Protecção à família inteira,
Morte ao racismo de qualquer maneira.
Pelos pecados pede-se perdão,
E orgulho nacional.
Vêem no anjo da salvação
O Futuro de Portugal.

Bruno Torrão
00/06/20



Porque a exumação de uma fé leva sempre ao nascimento de outra, mesmo que cumpra linhas semelhantes.
A adoração a algo que de facto já não existe, pode fazer cumprir-se, ainda, neste poema. Foram estas algumas das ilacções que me surgiram aquando da escrita desta composição.
Até mesmo o retrato de uma mediatização exarcebada sobre as coisas que, porventura, até nem têm muito de o ser...

Escolham a que preferem, ou retirem as vossas próprias conclusões. As sugestões são sempre bem aceites!

sábado, 31 de maio de 2008

Poema LVI - A minha fama

Só eu consigo agradar a gregos e a troianos,
Só eu consigo ter ordem e poder.
Porque o destino me fez Deus entre humanos,
E alegre entre a tristeza que não para de crescer.

Porque serei eu o líder da liberdade,
O rei do Aquém, do Além e do Mar.
E me farei espalhar como a chuva da tempestade
E serei o calor que a água irá secar.

E agora, um simples mortal clauso,
Obrigado a dar, sem perceber,
Vivo na agitação da fama, que causo,
Somente, uma vibração no meu ser.

Bruno Torrão
00/06/07

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Poema LV - Triste inspiração

Estou entre mim e a solidão,
Estou no meio do nada,
No centro da resolução
De uma dúvida mal validada.

A dúvida da alegria,
Do eterno prazer com a vida,
Com a morte, com cada dia
Com a mítica musa querida.

Porque o bem não me inspira.
A felicidade não me inspira.
O contentamento não me inspira.
Só a tristeza, a morte. Tão gira!

Fico então, aqui, triste, só,
Alegremente na solidão
Que me mete dó,
Sem alma, sem coração.

Bruno Torrão
00/06/07

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Poema LIV - Não estou em mim (desorgulho)

O nada apoderou-se de mim.
O vazio, a solidão...
Sinto que estou no fim,
Perdido na palma da minha mão!

Até o que me dava alegria:
A família, um amigo,
Perderam o orgulho que neles tinha.
E nem o orgulho está comigo!

Nem a poesia que escrevo
M'alegra nas noites em que não durmo.
Nem a quem a minh'alegria devo
Merece um abraço obscuro,

Porque já nada me faz sorrir
Na face em que sou eu mesmo, o Eu!
No meu ego já nada consegue subir,
Flutuar no orgulho que devia ser meu.

Bruno Torrão
00/05/25

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Poema LIII - Os outros

Todos os outros poemas
São lindos, belos, risonhos!
Verdadeiros! São sonhos!
Só os meus são problemas,
Mortos, tristes.
Finge tu que nunca
Os viste,
E que são uma espelunca.
E diz-me que choraste apenas ao ler,
E que depois te riste,
Dizendo para o alto
"Ainda este poeta se quer fazer!"

Bruno Torrão
00/05/24

terça-feira, 27 de maio de 2008

Poema LII - Fico assim

Esta noite
Ao chegar a casa,
Com a temperatura em brasa,
Deu um toque a solidão
Só por não te ter aqui.
Não sei viver sem ti.

E fico assim,
Perdido, sem ter jeito,
Sem domar a dor no peito
Que cresce a todo o momento.
Então vem quebrar este tormento.
Peço-te, volta p’ra mim.

E fico assim
Chorando pelos cantos.
Fico assim
Rendidos aos teus encantos.
E eu fico assim...
Jamais posso viver sem ti!

Na manhã seguinte
Ao acordar,
Oiço a dor a chamar,
A explodir dentro de mim
Porque tu não estás a meu lado.
Volta! Quero ser amado.

Outra noite passa por aqui.
Fico olhando a lua
Imaginando que estás comigo
E que nunca chegaste a partir,
E então volto a sorrir.
E fico assim
Sorrindo para o espaço.
Fico assim
Vivendo passo a passo.
E eu fico assim,
Já posso bem viver sem ti.

Bruno Torrão
00/05/22


A estória deste poema é muito simples. Sintecticamente foi: Convite para letra duma canção de uma cantora pimba com muito sucesso no ano 2000. Letra enviada. Ainda hoje aguardo resposta tanto da dita cantora, como da própria editora. Ela já não canta. Mas eu já sei a resposta!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Poema LI - Solidão, minha vizinha

Tenho a Solidão como vizinha,
Que vem de vez em quando
Tocar-me à campainha.
"Não fiques tão só."
- Vem-me ela avisando -
"Tal solidão mete-me dó!"

Abro-lhe a porta, chorando,
E lhe peço que se vá.
"Tão triste que eu ando
Ai o amor! A quanto ele obriga!
Coisa mais triste não há,
Solidão, minha amiga!"

Ela entra sem permissão!
E abraça-me e me escuta.
E solta o meu coração
E diz, durante um abraço,
"Ah! Solidão, filha da puta!"
E choro então no seu regaço!

E nesse dia mil lágrimas soltei,
Lancei dos meus olhos, com suavidade.
E a ela mesma eu avisei,
"Não te culpes pela briga
Que tenho com a Felicidade.
Vai-te agora, Solidão, minha amiga."

Bruno Torrão
00/05/19

domingo, 25 de maio de 2008

Poema L - Deste lado

Para lá da porta que acabei de fechar
Fica um mundo intenso,
Um lugar imenso,
Cheio de amor e de gente que sabe amar.

Deste lado, onde estou,
Fica um mundo solitário,
Que não alimenta o imaginário
De quem alguma vez amou.

É onde nasce o sol, deste lado,
De manhã, ainda frio,
E onde nasce de lágrimas um rio,
Água aquecida dum coração gelado!

Aqui a noite aparece em primeiro.
Filha do silêncio e da solidão,
Onde quem age é a recordação
De um amor que não fica prisioneiro.

E a recordação, maldita
Só me deixa chorar
E sofrer, e gritar
Mas ninguém ouve quem grita

Pois o grito é camuflado
Pelas alegrias do dia-a-dia.
E quando chega a noite fria
Torna-se o destino amargurado.

Bruno Torrão
00/05/17

sábado, 24 de maio de 2008

Poema XLIX - O teu desejo

Noites de luar,
Noites de calor;
Tempos de amar,
Tempos de dor.

Tempos de dor!
Alegrias a pairar
Pelas estrelas de calor
A transbordar.

Só a mim não vem
Tanta alegria, tanto amor!
Pois então quem me tem
Só pode ter é dor.

Dor de não me ter,
De não me possuir!
E quem meu coração preencher
Jamais a arrepender poderá vir.

Eu sou o desejado
Quem toda a gente quer amar.
Sou divino, alado;
Alguém que não pode acabar.

Bruno Torrão
00/05/15

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Poema XLVIII - Serei

Sonho ser o dono da poesia,
Comparado a Pessoa, e Quental;
E então fazer da minha alegria
O verdadeiro orgulho de Portugal.

Ser invejada minha fantasia;
E cobiçada p'ralém de Portugal
A tristeza que a todos arrepia.
Tornar-me um poeta internacional,

E ser reconhecido em qualquer país
Mais do que foi o grandioso Luís,
Rei da epopeia, a Lusitana.

E para muitos servir d'inspiração,
Como foi Florbela para o meu coração
Na minha poesia Soberana.

Bruno Torrão
00/05/13

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Poema XLVII - P'los cantos

Minha alma está carente,
Meu coração, doente...
Minha cara é um rio
E meu amor não está quente...
É frio.

E pela tristeza eu canto,
E no rolar do meu pranto...
Ai... Quanto eu adoro
Ficar no meu canto
Enquanto choro.

Sinto alegria fora de mim
Que me contenta para não me ver assim,
Triste como ando...
Pelos cantos, enfim,
Chorando.

Bruno Torrão
00/05/08

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Estrelas Sugestivas III

Tal como fiz na 1ª edição do Signo, vou continuar a propôr alguns sons que me fazem sentir muito a poesia (alguns até me chegam a dar ideias).

O que vos trago hoje é a minha mais recente aquisição. Embora o álbum tenha saído já o ano passado, só agora me lembrei de o comprar. Falo-vos de uma das mais promissoras seguidoras do fado nos dias de hoje. Uma voz quente e uma imagem quasi-exótica. Falo-vos de Ana Moura!

Do que já conheço vindo dos álbuns anteriores, este ultrapassa-os em largos pontos. Não consigo quase, sequer, escolher uma "super-faixa"! Ainda assim, os singles Os Búzios e O Fado da Procura, conseguem trazer alguma diferença das faixas restantes. Mas nada melhor que o ouvir cada uma das 15 faixas para poder tirar o bom sabor que fica para além da saudade!

Poema XLVI - À caneta

Ter esta caneta na mão
Dá-me tanta, mas tanta calma
Que se ficar sem ela
Perco o coração
E a alma.

Só de possuí-la entre meus dedos
Cresce-me um aperto na barriga
E vontade de gritar
Pois solta-me dos meus medos.
É mais do que uma amiga.

Só de pensar que vou ter de a deixar
E largá-la para uma gaveta,
Desfaço-me em lágrimas
De maneira a nem querer acabar,
Mesmo morrendo a tinta da caneta.

Já agora que vou dormir
Com a mente já mais clara
E livre de tristezas,
Um sonho a poderá substituir
Numa obra rara.

Bruno Torrão
00/03/20

terça-feira, 20 de maio de 2008

Poema XLV - Não

Não quero mais ser outro.
Ferir-me a mim,
Agradar aos outros.
Chega, basta...fim!

Não quero mais esta
Feita d'alegria lerda,
Rotina de tristeza,
Acabou-se, merda!

Não quero mais rir-me
Que nem um perdido,
Mostrar-me contente
Quando estou todo fodido!

Não quero mais dizer que sim
Quando me perguntam " 'Tá tudo bem?".
Quero que todos saibam
Que fico triste também.

Não quero mais fazer-me de forte,
Imune a qualquer tristeza,
Porque a perfeição não está de fora
Mas sim dentro como a beleza.

Bruno Torrão
00/02/15

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Poema XLIV - Sobre o amor

Quero falar de amor.
Mas não sei como fazer
Pois não tenho o calor
Para nele pensar,
Quanto mais sobre ele escrever.

Quero falar de amor
Pois poder-me-ia alegrar.
Mas só sinto dor...
E basta nele pensar
Para que por dentro comece a chorar.

E ao falar de amor,
Triste por não o ter,
Sinto o ardor
Contente por não saber
O fim do amor que queria ter.

Então, para quê pensar no amor
Se mais do que alegria
Me dá também dor.
Prefiro estar como estou, a viver
E nunca mais senti-lo queria!

Bruno Torrão
00/02/15

domingo, 18 de maio de 2008

Poema XLIII - Ó toque da minha escola

Do poema Ó sino da minha aldeia
de Fernando Pessoa



Ó toque da minha escola,
Doente em meus ouvidos,
De barulho singular
Põe-me os tímpanos durídos.

É tão roto o teu tocar,
Tão choro de velha garrida,
Que logo o primeiro toque
Acorda a mente adormecida.

Por tão longe que toques,
Com teu som, sempre irritante,
És para mim um desatino,
Quem me dera ver-te distante.

Mesmo que ande pela rua,
Longe do teu roncar,
Na mesma te oiço,
Sempre a chatear.

Bruno Torrão
00/02/07



Com este poema recordo-me sempre do toque da Escola Secundária Infante D. Pedro, aquele martirizador toque, quase como se ainda hoje o ouvisse! A graça deste poema está no facto de ter sido escrito em plena aula de Língua Portuguesa, quando, no 12º ano, se estudava a Obra de Fernando Pessoa (ortónimo), exactamente quando nos encontrávamos a estudar a forma e o conteúdo do mesmo.
Estranhamente, tal como no poema de Pessoa, o sujeito poético recorda com saudade o tocar dos sinos... E eu até sinto saudade do toque da escola!

sábado, 17 de maio de 2008

Poema XLII - O porquê da dor

Gostava tanto de chorar
Por coisas sem razão,
Ou por não a ter.
Adorava poder soltar
O que me vai no coração,
Mas gritar e não escrever.

Então grito em surdina
Sem as lágrimas deixar sair
Dos olhos molhados de tristeza,
Ou d'alegria, desta sina
Que só sabe escrever e rir
Que não fala quando tem a certeza.

Oiço toda a gente a falar,
Desabafar, a sorrir para mim
Na esperança de me ouvir.
Mas a boca só me faz calar
E ouvir do princípio ao fim
Sem me deixar intervir.

Mas não consigo expulsar
O que me caminha em meu peito.
E então volto a escrever...
E mais um dia sem chorar.
E mais uma noite em que me deito
Com a dor causado pelo não saber.

Bruno Torrão
00/01/12

Especial: Na hora do chá VI

Se há quem faça as festas da reentré com bebidas espirituosas, eu cá trago o meu chá. Quer isto dizer que assistimos à festa de re-inauguração do SSL (Sob o Signo das Letras).

O meu regresso deve-se, em parte, ao facto de estar de férias e, como tal, tenho de arranjar algo para matar as tardes parvas e inúteis que daí advêm. Por outro lado, o facto de um dos meus melhores amigos me ter recordado este espaço.

Ainda hoje publicarei um novo post. Um post com a essência do blog. Um poema da minha autoria, seguindo a mesma linha cronológica com que, até ao último se surgiam.

Degluto mais um trago de chá e me despeço com um breve até já!